tag:blogger.com,1999:blog-2577279072358772125.post9018470770073608150..comments2023-02-09T20:04:44.884-08:00Comments on Questões de Moral: Joel Costahttp://www.blogger.com/profile/17233460993665782872noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-2577279072358772125.post-2550644731280863242013-05-27T07:19:20.536-07:002013-05-27T07:19:20.536-07:00Nas teias complexas e confusas dos significados da...Nas teias complexas e confusas dos significados das profundezas mais perenes e inacessíveis da alma humana e do coração das sociedades de humanos, eu vivi com quinze anos os tempos em que D. Barroso supostamente exerceu a sua rebeldia dos dezoito, desconfio muito fundadamente desse sua rebeldia e até da sua crença intrínseca nessa atitude juvenil.<br /><br />Quem viveu o "verão quente" de 75, mais tarde sarcásticamente rebaptizado, pela narrativa social dominante - retornado-revanchista -, por "PREC", sabe muito bem que o espalhafatoso e serôdio "esquerdismo" maoísta desses tempos, muito mais de que relevar de uma atitude de contestação face à Sociedade capitalista em que se manifestava, traduzia uma indisfarçãvel postura de demarcação face ao anti-fascismo dominante, como uma espécie de caução para se poder ser visceralmente anti-comunista sem se correr o risco de se ser conotado com a "reacção" e o Fascismo.<br /><br /><br />D. Barroso, como tantos outros jovens universitários elitistas e de origem social abastada e privilegiada, mais do que revoltados com a Sociedade capitalista em que viviam, estavam era enraivecidos com o sucesso do 25 de Abril, com o que isso representava de incómodo para a geração dos seus papás e de "empecilho" ao prosseguimento triunfal das suas boas vidas e perspectivas de carreira, que já anteviam viçosas para além dos arroubos temporalmente limitados das suas crises de crescimento intelectual e físico.<br /><br /><br />O MRPP e outras invenções da juventude snob e imatura que então sorvia pelas Universidades os restos ressequidos das verdadeiras lutas estudantis e anti-fascistas dos anos 60 e inícios de 70, constituiram o refúgio das consciências - e por vezes também dos coiros - perante o consumar da emancipação política dos jovens operários e camponeses, suburbanos e provincianos, face às prerrogativas e às aspirações da média e alta burguesia urbana, súbitamente postas em causa por essa realíssima maçada do 25 de Abril, da Democracia, da Igualdade e da Socialização dos meios de produção.<br /><br /><br />Uma seca, pá!<br /><br /><br />Por isso dizer que D. Barroso foi "revolucionário" aos dezoito anos é tão rigoroso e significativo, como dizer que Hitler e Mussolini começaram por ser "socialistas".<br /><br /><br />Mas a História é como as marés: enquanto não se percebe se estão a encher ou a vazar, é o ponto em que a onda alcança que separa o que é água, do que é terra. Marca efémera, contudo, e que o passar do Tempo reduzirá à sua merecida insignificância...<br /><br /><br />Aliás, basta ver o percurso dos principais "maoístas" desse longínquo verão quente de 75 - e onde hoje quase todos se encontram... -, para perceber o "logro" em que labora a narrativa social dominante sobre o significado desses tempos, numa fase da História recente de Portugal cada vez mais desconhecida e (mal) mitificada pelo imaginário popular e o subconsciente colectivo nacional.<br /><br /><br />Daqui por uns cinquenta anos, talvez a maré da História fixe, finalmente, as balizas verdadeiras do que foi, realmente, o 25 de Abril, a Libertação, a Democratização, a Descolonização e o Progresso, oh, o "progresso", deste ex-jardinzinho à beira-mar prantado.Ant.º das Neves Castanhohttps://www.blogger.com/profile/00678329146180224256noreply@blogger.com