quarta-feira, 7 de junho de 2017


      CONHECIDOS DOS SERVIÇOS SECRETOS



        Quem me haveria de dizer aqui há anos que o perigo para a democracia parlamentar não viria de motivações ideológicas – totalitarismos de direitas e de esquerdas?
        Quem me haveria de dizer que o perigo maior para a democracia estava nas arábias, na religião – o fanatismo religioso é uma forma de totalitarismo, aceito sem pestanejar…
        Todos, ou quase todos, os terroristas implicados em todos os atentados – ao que se lê na imprensa – foram dados com conhecidos das polícias e dos serviços secretos de franças, inglaterras, bélgicas, turquias e alemanhas.
        E todos, ou quase todos, os indivíduos detidos a posteriori por eventual implicação nesses atentados foram libertados alguns dias depois.
        Referenciados pelos serviços secretos como tipos potencialmente perigosos com ligações ao fundamentalismo islâmico, não poderiam ser tomadas contra eles quaisquer acções repressivas, prisão, deportação, algo assim. Porque estamos numa democracia e eles, ainda que perigosos, até desencadearem uma acção terrorista são tipos pacatos, provavelmente bem educados, simpáticos, sem nada haver que se lhe possa apontar. Mas continuando a estar debaixo do olho dos serviços secretos.
        O remédio para as populações dos países democráticos ocidentais, europeus, é estarem sujeitas a arcar com as consequências trágicas do terrorismo islâmico, em Londres, Paris, Berlim ou Bruxelas, concebidos e praticados por homens considerados perigosos pelos serviços secretos e policiais, mas dos quais nenhum crime lhes consta na folha.
        Porque estamos numa democracia.
        Estamos numa democracia vigiados por câmaras de vídeo-vigilância em cada aeroporto, estação de Metro ou de caminho de ferro, serviço público ou supermercado.
        O que pouco ou nada obsta aos actos terroristas, porque há a informática, a cibernética, a internet (ou lá o que é) que os serviços secretos se vêem e desejam para controlar. E porque alguém, algures, continuará a pagar directa ou indirectamente esses actos terroristas.
        Muita gente deve saber quem fornece os suportes financeiros, operacionais e logísticos – e ideológicos – aos actos terroristas. Mas é como se ninguém soubesse. Porque em democracia a iniciativa é livre, o mercado é vasto e sacrossanto e o petróleo faz muita falta à vidinha que temos, e que se pode extinguir em menos de um riscar de fósforo às portas de Westminster ou da Notre Dame.
 
 

1 comentário:

  1. Reforço: "(...) e que se pode extinguir em menos de um riscar de fósforo às portas de Westminster" (horror!), "ou da Notre Dame" (sacrilégio infame!!), como igualmente de Beirute, de Hanói, de Bagdade, de Istambul, de Teerão, de Grozni, de Cabul, de Bengázi, do Cairo, de Cachemira, de Islamabade, ou de TODA A FAIXA DE GAZA, DIARIAMENTE, mas isso não nos incomoda minimamente, claro. São mortos à metralhadora, de bom fabrico ocidental, ou com "napalm", não com facas e atropelamentos, está tudo certo...
    E logo a seguir ao texto, ao lado das caras destes três piratas de tez escura, poderiam bem figurar também as fronhas, de pele bem clara, dos nossos amigos Nixon, Nethanyahu, Bush (papai e filhinho do dito), Aznar, Tony Blair e... Darão Burroso. E tantos outros semeadores de violência gratuita por todo o Mundo, mas no parlapiê muito amantes e defensores da "democracia parlamentar" que estes maltrapilhos supostamente "ameaçam". Palavra de honra...

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