terça-feira, 2 de setembro de 2014

A FRÁGIL NORMA JEAN

   E OS QUE NUNCA MORREM NACAMA




Quando Fidel Castro entra triunfante em Havana à cabeça dos seus barbudos, Janeiro de 59, uma das primeiríssimas medidas a sair-lhe do saco é fechar os casinos, os montes de casinos de que se abrilhantavam as noites de Havana, e correr com os mafiosos que os exploravam. E esse gesto, compreendamos, não caiu bem no seio da Mafia. Não se faz. Assim como não caiu bem  a Washington saber que passado coisa de um ano de ter colaborado um pouco na revolução cubana para derrubar o ditador Batista, e por mor de uma repentina reviravolta ideológica do chefe revolucionário, passaria a ter um aliado da URSS, uma ponta de lança comunista a poucas centenas de quilómetros da sua costa.

        

Johnny Rosselli, Sam Giancana e Santo Trafficante – o boss mafioso da Florida – seriam, com toda a lógica, os aliados naturais de Washington para fazer a cama a Fidel Castro, sob a batuta operacional da CIA. E já se sabe que diversas maneiras de acabar com Castro foram ensaiadas e todas elas falharam, a culminar no célebre desastre da baía dos Porcos.


Johnny Rosselli é julgado e condenado em 1968. Por ser um criminoso? Qual quê! Nem por sombras! Julgado e condenado por residir ilegalmente nos EUA. A viver na América desde os anos 20  nunca requerera permissão de residência. Condenado à deportação para o país natal. Qual país natal?  Itália. Mas a qualidade e a fama de Rosselli eram tais que até a Itália se recusou a recebê-lo e ele ficou nos EUA.
 
                                                                             

Rosselli divorciara-se em 1942 e começara a sair com actrizes de maior ou menor nomeada, Betty Hutton, Ann Corcoran, desde que fossem bonitas e dessem nas vistas. Já se vê. Nessa altura começa a andar com uma jovem que queria ser actriz e que lhe fora apresentada pelo irmão do rei dos reis dos estúdios, Joe Schenck. Chamava-se a rapariga Norma Jean e era loura. Mas não seria por esse nome que viria a ser conhecida no mundo inteiro, como se sabe.


Foi em 1948 que o patrão mafioso Tony Accardo deu instruções ao seu representante em Hollywood, Johnny Rosselli, no sentido de impor à Columbia Pictures um bom contrato com uma desconhecida de nome Norma Jean. Harry Cohn, o já aqui muito falado todo-poderoso da Columbia Pictures, obedeceu sem um ai à ordem da Mafia – sabia o que devia a Tony Accardo e a Rosselli quando quisera ficar dono e senhor da Columbia…
Escusado dizer que a doce e frágil Norma Jean compensava com favores sexuais qualquer empurrão que alguém lhe desse na carreira, de preferência mafioso, os que pareciam ser quem mais mandava chover na indústria.


No princípio, no meio e no fim da carreira, uma certa Jeanne Carmen, vizinha de Norma Jean (que entretanto estava a deixar de ser Norma Jean e a passar a ser Marilyn Monroe), não parou de registar a presença do gangster Johnny Rosseli em casa dela.

                                                 

Em 1948. Joe Schenck ia na sua limousine a atravessar os estúdios da Fox quando viu uma rapariga loura e muito bonita a caminhar ao lado do carro. Joe Schenck ordena ao motorista que pare, convida-a a entrar, e ela entra.
- Como te chamas, minha filha?
- Norma Jean, sir.
- Oh, mas que gracinha… o nome da minha primeira mulher…
Joe Schenck tinha então 70 anos.
A moça estava presa a um contrato com um estúdio e queria voar mais alto. Schenk dá-lhe um cartão com um número de telefone e nem pela cabeça lhe passa que a rapariga se chame Norma só porque quem lhe pusera o nome o fizera por admiração e como homenagem à tal primeira mulher dele, Norma Talmadge, famosa artista de cinema, julgo que ainda mudo. 


Pois a seguir, de Norma Jean sai Marilyn Monroe, uma criação da agência artística William Morris, com o sexo em pano de fundo até chegar aos píncaros, e daí a uns anos, assinará ela o melhor contrato de toda a História do cinema até então.
A vida dela mudou, depois disso? Não mudou? Claro que mudou. Amigos perguntam-lhe o que terá concretamente mudado na vida de Marilyn Monroe depois de assinar aquele maravilhoso contrato, e a resposta franca de Marilyn foi que deixara de passar tanto tempo de joelhos diante de um homem.
                    
                                                                                                  

O sexo conhecia-o Norma Jean desde tenra idade, violada, segundo disse, logo a começar na infância, num orfanato para onde a mandaram, e desde então decidida a fazer carreira no cinema, a especializar-se, por assim dizer, no sexo com homens muito mais velhos e de preferência os mais poderosos do ramo.


Mas se Norma Jean não o sabia, Marilyn começou a sabê-lo: uma mulher não se pode tornar uma estrela apenas por obra e graça do felatio e pela frequência de muitas camas poderosas – ela mesma o disse. É preciso bem mais do que isso – embora, sem dúvida, isso possa ajudar, digo eu, ajudar e bem, digo eu cinicamente, e mais ainda no tempo em que os homens importantes do show business, tivessem a idade que tivessem, ainda gostavam de mulheres…
Norma Jean, já Marilyn Monroe, confessaria a um jornalista inglês sem evasivas que nos meios do cinema, em falando-se de camas, começara logo com o velho Joe Schenck, o que a fizera entrar para a limousine quando atravessava os estúdios da Fox. Depois, Joe Schenck telefonara a Harry Cohn a dar ordens para que fosse contratada aquela pequena.
Cohn não apreciava especialmente em Marilyn a artista. Apreciava muito mais o corpo. Calma… sim, o corpo, mas o corpo enquanto virtual chamariz de bilheteira.

                                                                                   

Marilyn fazia pequenos papéis, e um dia, estando Cohn a ver os rushes de um filme, começa aos gritos com o produtor:
- Mas porque é que tu puseste aquela galinha gorda no filme? Também tu dormes com ela?
Nos anos 50, as ligações de Marilyn com a Mafia também despertaram o interesse das autoridades. Foi espiada. E foi vista, em 59, a sair de um restaurante de Sunset Boulevard acompanhada por dois mafiosos, sendo um deles Mickey Cohen, o herdeiro de Bugsy Siegel, um que já teria ajudado Sinatra a refazer a carreira. E Marilyn entra com os dois homens num motel. A cena repete-se dias depois com outro mafioso Sam Lo Cigno, o que leva a polícia a pensar que Marilyn estaria a ser vítima de chantagem, sem contudo se ter chegado a conclusão alguma.


Durante a convenção democrata em Los Angeles, em Julho de 1960, Jack Kennedy está tão seguro da sua nomeação como candidato que divide as suas noites de lazer entre Judy Campbell e Marilyn.

 

Verão de 1960. Reno, Nevada. Rodagem do filme de John Huston The Misfits - que deu em português Os Inadaptados-, realizado segundo o roteiro de Arthur Miller, então casado com Marilyn, e estando o casamento a passar por grave crise. Marilyn e Miller são convidados para o show de Sinatra no casino Cal Neva, que ficava a poucos quilómetros de Reno.


Sinatra estava a ser o confidente de Marilyn na crise do casamento com Miller. Miller que lhe tinha oferecido um caniche branco chamado Maf -  uma referência óbvia à gente com quem ela se dava.
Durante esse tempo de crise e pré-separação de Arthur Miller, os homens sucediam-se na cama de Marilyn, Giancana, Kennedy, Sinatra, Johnny Rosselli. Era um ver-se-te-avias. A frágil Norma Jean estava no seu auge de desorientação de vida.

                                                                      



Em Fevereiro de 1961, Marilyn dá entrada na clínica psiquiátrica do Hospital Presbiteriano de Nova York. George Cukor, que esteve para a dirigir em Somethings Got to Give, filme nunca acabado, diria que ela parecia sentir-se muito mais à vontade num hospital de alienados do que num estúdio de cinema. Era viciada em medicamentos.Tinha acessos de culpa e considerava-se responsável pelos seus falhanços matrimoniais.

                                                                              

Pois é verdade, falou-se sempre muito do amancebamento de Marilyn Monroe com o presidente Kennedy. 


Na visão de alguns ele não foi mais do que ocasional. Registaram-se alguns encontros, muito bem, em 1960, em Los Angeles e Nova York, e em 62, em Palm Springs. O FBI estava a pau, estava ao corrente, tinha informadores, e informadores que referenciaram orgias no Hotel Carlisle de Nova York, uma Marilyn para três homens, e quem desses homens assinava o ponto eram John Kennedy, o irmão, Bobby, e Peter Lawford.



Segundo o cabeleireiro da estrela, foi nos bastidores do Madison Square Garden, de Nova York, a 19 de Maio de 1962, quando ela cantou happy birthday, mister president, que ela se zangou com o Kennedy presidente. Jack Kennedy fazia 45 anos nesse dia. Zangaram-se e acabaram tudo, e a partir daí ela começou a dedicar-se a Bobby. Bobby ter-lhe-ia dito que ia deixar a mulher para ir viver com ela, e ela acreditou, e acreditou tanto que contou aos amigos já como facto consumado.


Passa o tempo a telefonar a Bobby Kennedy, mas Bobby tem ordens do irmão para não lhe atender o telefone. Alguém tenta convencer Marilyn a não insistir com Bobby.


Mais uma vez na vida a frágil Norma Jean se sente traída. 


Fala com Peter Lawford – outro gabirú que se aproveitava dela. E põe a hipótese de trazer a público as suas relações com os Kennedy. E até talvez se referisse às manigâncias deles para assssinar Fidel Castro – e Lawford, não sei, não estive lá, mas pode muito bem ter-lhe dito:
- Ai mulher não faças uma coisa dessas que ainda te aleijas… ainda te desgraças!
Não interessa. Se Bobby continuasse a ignorá-la ela convocava uma conferência de imprensa e punha tudo em pratos limpos.
- Eu sei que para o Jack e para o Bobby nunca representei mais do que um pedaço de carne.


Em Julho de 62, Sam Giancana convida Marilyn para um fim de semana no hotel do Nevada propriedade do gang, o Cal Neva Lodge. Está lá a seita do costume e mais alguns, como os gangsters Jimmy Alo e Johnny Rosselli. Marilyn bebe demais ao jantar e faz confidências a Giancana, antes de subir com ele para o quarto.
Marilyn confessará mais tarde ter dormido com Giancana nesse fim de semana. Também mais tarde, para os compinchas, Giancana fará troça do corpo e das performances sexuais de Marilyn, ao mesmo tempo que se gaba de a ter conquistado.
Também deste sujo episódio há conversas gravadas.




“Parece que estás muito entusiasmado por teres dormido com a que anda com os dois irmãos, não é?”Rosselli para Giancana. Tanto podia estar a referir-se a Marilyn como podia estar a referir-se a Judy Campbell, a call girl também metida com os manos….
Mas pelo testemunho do gangster Jimmy Alo, esse fim de semana no Nevada redundou em orgias ignóbeis. Sinatra e Peter Lawford drogaram Marilyn, fizeram-lhe toda a especie de poucas vergonhas e fotografaram o que se passou, as humilhações a que sujeitaram a frágil Norma Jean. De tal ordem que o elemento que tirou as fotografias aconselhou seriamente Sinatra a destruir os negativos.


Norman Mailer escreveu uma biografia de Marilyn Monroe. Eis um fragmento: se alguém quisesse embaraçar os Kennedy e dar início a uma campanha de boatos que os destruísse completamente com vista às eleições presidenciais de 64 não podia haver melhor como estratégia do que mandar assassinar Marilyn e maquilhar a morte de modo a que parecesse suicídio, fazendo no entanto de tal sorte que essa maquilhagem fosse tão desastrada e grosseira que não tardariam duas semanas até que os jornais falassem de assassínio. E isso cairia em cima dos Kennedy. Dada a intensidade do boato, ninguém poderia em consciência dizer que eles não tivessem tido nada a ver com aquilo.
A pobre e frágil Norma Jean morre de facto na noite de 4 para 5 de Agosto de 1962, sob um nome falso – Marilyn Monroe. A governanta achou estranho, ou mesmo suspeito, que a senhora não se tivesse levantado toda a noite.

                                                                        

O médico legista estabelece como probabilidade o suicídio. 13 mg por 100 ml de pentobarbital no fígado de Norma Jean. Não sei o que isto quer dizer, mas leio que quer dizer Nembutal, e que quer dizer que Norma Jean tomou 10 vezes mais da droga do que o que seria normal.
O sangue de Norma Jean continha 8 mg por 100 ml de hidrato de cloral. Também não sabia o que que queria dizer, mas aprendi que representa 20 vezes a dose recomendada para dormir. Agora o que eu não percebo mesmo é porque é que na autopsia os médicos não lhe acham nem rasto de soníferos no estômago.
A serem verdadeiras todas as teses sobre a morte de Marilyn, nessa noite o quarto dela deveria parecer-se com o camarote do navio onde iam clandestinamente os Irmãos Marx no filme Uma Noite na Òpera, com tanto político, tanto detective, tanto médico, tanto mafioso a acotovelar-se lá dentro.

A ex-mulher do notório mafioso Murray Humphreys disse que os gangsters havia ficado curiosos a respeito uns dos outros, a tentar adivinhar que facção, que seita, que família poderia ter eliminado Marilyn – incluindo na seita os próprios manos Kennedy.
        Um detective da polícia de Los Angeles declarou-se convencido de que a Mafia teria jogado uma carta no aparente suicídio da frágil Norma Jean.
É verdade que Marilyn tivera aqueles desabafos, se o Bobby não lhe telefonasse e continuasse a não lhe ligar nenhuma, raios me partam se não chamo a imprensa e não descubro a careca a esses sonsinhos dos Kennedy que parece que não quebram um prato. Ameaçava por outro lado chibar a estrangeirinha que eles tramavam para matar aquele das barbas lá de Cuba.


Os especialistas do crime organizado acharam muito plausível que os mafiosos pudessem ter drogado Marilyn para ela, de algum modo, fazer saltar os Kennedy do pedestal; ou, sentindo-se mal, pudesse ter telefonado a Bobby a pedir ajuda, desmascarando-o imediatamente.

                                                                  

Já se dera um caso em que os da Mafia injectaram cloral  num político regional para o deixar inanimado, porem o corpo numa cama, chamarem uma mulher da vida, porem-na agarrada a ele em pose escandalosa e fotografarem tudo, e assim destruírem a carreira do homenzito se ele não lhes fizesse a vontade. Coisas da exemplar democracia americana.
O plano com Marilyn poderia ter  andado perto. Plano, diga-se, essencialmente para entalar Bobby Kennedy, um homem casado, provando pelas fotos que se tirassem que se ele estava madrugada alta em casa de Marilyn Monroe não seria para jogarem à batalha naval.


Pois é, mas Bobby pode ter mesmo atendido o telefonema dela e ter-lhe dito (ou pensado), está bem, filha, já te conheço, tu não bates bem da bola, e não penses que me entalas assim, recusando-se portanto a ir em socorro  de Marilyn, optando  por deixá-la morrer sozinha. Os defensores desta teoria no Departamento de Justiça, é interessante, mantiveram-se sempre no anonimato.
Também pode ser que, sabendo a Mafia que Marilyn estava a tornar-se perigosa com aquela ameaça de badalar sobre a conspiração cubana, intenção que já demasiada gente conhecia, Giancana resolvesse eliminar a actriz, fazendo recaír as responsabilidades sobre os Kennedy, que, obviamente, não quereriam nem por nada ver desmascarada a conspiração.
O chefe Giancana teria encomendado o trabalho a quatro duros, cada um deles residente muito longe de Los Angeles, mas todos lá arribados no mesmo dia. E uma vez lá chegados podem ter passado esse dia a ouvirem o que se passava lá em casa. Pois… porque o telefone de Marilyn estava sob escuta. Mas uma escuta privada. O telefone estava sob escuta por iniciativa de um mafioso do sindicato dos camionistas, o conhecido Jimmy Hoffa, e com o trabalhinho de montagem das escutas a ser realizado por um detective privado, Frank Otash, por sinal o mesmo que estivera em 1958 em casa de Lana Turner quando esta assassinou o namorado, e aparecido por lá antes da polícia chegar, e com o encargo de apagar todos os vestígios.


E, bom, o objectivo do mafioso do sindicato dos camionistas também eram os Kennedy, era preciso comprometê-los.
Também pode ter acontecido Bobby Kenedy ter acorrido mesmo a casa de Marilyn com um médico. Marilyn, ao vê-lo, teria tido um ataque de histeria e o médico ter-lhe-ia administrado um sedativo, e ambos, médico e Bobby, ter-se-iam posto na alheta  dali, e depressinha. E pouco depois, os gangsters teriam entrado na casa.
Com Marilyn sob o efeito do sedativo tê-la-iam amordaçado, aplicando-lhe um supositório de Nembutal e hidrato de cloral. Marilyn terá ficado inconsciente, os gangsters teriam retirado o material de escuta e teriam ido descansadamente à sua vida.
Será lógico pensar que nenhum dos gangsters mafiosos de quem venho falando tenha alguma vez sonhado acabar os seus dias na cama, rodeado por um rancho de filhos. Pois não, e nem Giancana nem Rosselli tiveram um fim desses.
Se dermos um salto, chegaremos a 1975 e veremos um Johnny  Rosselli  já entrado em anos chamado a depor perante o comité do Senado encarregado de investigar os assuntos de espionagem e contra-espionagem. E ele depõe. E os mafiosos ainda no activo ficam com a impressão de que o velho Johnny, outrora tão secreto, falara demais, inclusive divagara sobre a participação de Giancana e de Santo Trafficante nas conspiratas contra Castro em colaboração com a CIA.


Cinco dias antes de Rosselli teria sido a vez de Giancana testemunhar perante o tal comité. Teria sido, se fosse. Giancana não compareceu perante o Senado. Já não pertencia ao número dos vivos, coitadito.

                                                                       

Seis dias antes da data em que Giancana estava convocado para depôr, batem à porta da sua super-blindada e super-vigiada mansão de Oak Park, Chicago, Illinois. Quem é? Era um amigo do peito, quase um irmão: Johnny Rosselli. Giancana está a tratar ele próprio do almoço, a fritar umas salsichas. Aparece Rosselli. Abraços e beijos.


- Queres petiscar  das minhas salsichas Johnny? Oi… espera aí que eu deixei-as na frigideira a fritar e se não as volto ainda se me queimam. Anda daí. Vamos falando mesmo na cozinha.
Giancana vai para a cozinha. Rosselli vai com ele. Giancana pega na caçarola, começa a rolar as salsichas para não se queimarem, e estava nisto, a dizer uma piada, talvez, quando sentiu na nuca o cano de um .22 com silenciador. Ao mesmo tempo que ouviu o amigo e quase irmão Johnny Rosselli dizer-lhe:
- Ouve, Sam, enquanto puderes ouvir… isto é pela Marilyn…

                                                                  

Ah, Marilyn, a deusa de Hollywood, o sonho sexual de milhões de homens, a orfã Norma Jean tão maltratada na infância, a que por amor de um homem constava ter-se suicidado…
Diz que aquilo era pela pobre Marilyn e aperta o gatilho. A bala vara a cabeça de Sam Giancana e saí-lhe pela frente desfazendo-lhe a cara. Ninguém ouviu nada. E Johnny Rosselli sai sorridente da mansão de Oak Park.
Resta uma tese menos rocambolesca. Marilyn teria morrido de uma overdose acidental, depois de confirmada a rejeição de Bobby. Não era a primeira vez que as overdoses aconteciam na vida dela.
Em 1985, um quadro da polícia de Los Angeles pretende pôr um fim às especulações e às teorias de conspiração sobre a morte de Marilyn. Os ficheiros são revelados. O homem declara:
- Ela morreu por suicídio devido a uma overdose de barbitúricos. Não há nada mais de excepcional neste caso, a não ser o ter-se tratado de Marilyn Monroe.
E ela sim, morreu na cama…
  
                     


Um corpo em decomposição é encontrado a boiar dentro de um bidon de óleo por uns pescadores da baía de Dumfounding, a norte de Miami Beach. Está irreconhecível. As pernas, cortadas, também tinham sido metidas no bidon ao lado do corpo. A polícia recolhe impressões digitais. 


O FBI identifica o cadáver: Johnny Rosselli, 71 anos. Tinha falado demais. Estava velho. Estorvava.  Não podia morrer na cama. 


1 comentário:

  1. Historias de uma menina "exemplar" numa democracia ainda mais exemplar....Ora bem e não conhecem outras? E até mais actuais?

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