A JUSTA LUTA DO
PATRONATO POR MELHORES
CONDIÇÕES DE VIDA
(2)
Os
estados autoritários pretensamente providenciavam as coisas em matéria laboral
e económica. O social. Daí a figura do Estado Providência. Porque protegia os
cidadãos do perigo de um patronato à solta, de um liberalismo sem regras.
Porque protegia o emprego. Porque subsidiava os preços – sem deixar funcionar o
mercado, intervindo sobre mercado, portanto. E porque o objectivo era político,
e o objectivo político primeiro era assegurar a paz social. Isto teoricamente.
Já se disse. Nem os trabalhadores podiam andar ao alto e ser sujeitos a regimes
de trabalho intensivos. Nem os patrões podiam andar à rédea solta, a declarar
falências por dá cá aquela palha, a despedir colectivamente quando lhes
apetecesse. Em teoria, claro. E assim dito grosso
modo.
Mas
vem a II Guerra. Vem e vai. Ganham os aliados. Os aliados eram as democracias
do Ocidente, onde o mercado era já então livre quanto o pudesse ser naquelas
circunstâncias extremas, onde os patrões investiam no que lhes apetecia e onde,
apesar de tudo, os trabalhadores eram protegidos por leis mais eficazes até, e
mais civilmente democráticas, do que as dos estados autoritários. E por ser
assim, muita gente acreditou na democracia. E ainda hoje, apesar de tudo, acredita.
E ainda bem.
Depois
das vitória dos Aliados na Guerra, estavam por outro lado
criadas as condições
para a queda da preponderância da política no governo das nações e criadas as
condições para o ascenso da economia.
Era
preciso reconstruir os países devastados pela guerra, além do mais. Mas isso, sendo
o princípio dele, marcava o fim do Estado Providência. Era preciso trabalhar-se
muito e ganhar-se pouco, isto para os trabalhadores. Era preciso especular com
os capitais para se ganhar o máximo – isto para os patrões.
Era a luta insana do patronato pelo seu pão de cada dia – até me chegam as lágrimas
aos olhos.
E
os governantes de alta estatura política, intelectual e moral foram
desaparecendo. E o lugar deles foi sendo ocupado por gente de gerações novas
que o económico tentava, porque se apresentava como ideia nova, modelo moderno
de governo dos povos. O discurso económico passou a ser o discurso da vanguarda
político-ideológica.
E
a política passa a depender da economia, das prioridades económicas. E por
conseguinte, da iniciativa do patronato. E desde logo, porquê? Por causa de um
acto básico em democracia: as eleições.
Para
ganhar eleições é preciso dinheiro. Muito dinheiro.
Para
montar uma máquina partidária eficiente e atraír militantes é preciso dinheiro.
Muito dinheiro.
E
a actividade política em si mesma, pode gerar moral e pode gerar paixões,
admito, mas não gera dinheiro. É preciso ir buscar o dinheiro onde o há para
manter vitoriosa uma máquina eleitoral partidária.
O
mais dinheiro que haja para uma campanha eleitoral, o mais certo se tem a vitória.
O
que faz um partido com uma vitória eleitoral? Para que lhe serve? Para ter uma
maioria parlamentar e para formar governo. O que faz esse governo? Pela ordem
naturalíssima das coisas, tenderá a cumular de atenções as pessoas e empresas
que deram dinheiro ao partido que o apoia e lhe permitiu ganhar eleições. É
humano.
As
campanhas eleitorais, hoje por hoje, pouco passam de campanhas publicitárias de
promoção de um produto. Vende-se ao eleitorado – ainda que não directamente a
dinheiro – a imagem de um ou vários homens políticos.
Quanto
custam os tempos de antena, a produção de spots,
os outdoors, os hoteis, as caravanas
que correm o país a levar a mensagem?
E quem paga isso? As quotizações dos militantes? Nem por brincadeira.
Quem
paga isso são empresas e empresários. É o patronato. E seja esse partido de
direita ou de esquerda – esquerda relativa, bem entendido.
E
será que os patrões na sua justa luta por melhores condições de vida ao entrar
com milhares e milhares para a campanha eleitoral de um partido ou de um
candidato andam a dormir na forma e vão dispender o seu rico dinheirinho com um
homem ou uma organização que não lhes dê certas garantias e que mais tarde os
venha a pôr em causa?
Os
patrões, na sua justa luta por melhores condições de vida, quando pagam uma
campanha eleitoral estão a fazer um investimento – que é político e que se
transformará mais tarde em económico. E não é retintamente publicitário esse
investimento porque nenhum partido se descai a dizer publicamente quais as
empresas e os capitalistas que o financiaram, quais os mecenas que tornaram possível
a sua vitória.
O
patronato paga a caríssima, milionária,
campanha eleitoral de um partido e faz um investimento a prazo. Quer ir
buscar o capital empatado com juros.
Altos juros.
Fica
então subentendido que os actos e o discurso do governo do partido vencedor – ou mesmo os do perdedor, que passa
a ser oposição – nunca poderão voltar-se contra os interesses de quem lhe
financiou a campanha. E esses interesses não são certamente os dos
trabalhadores. São certamente os do patronato. Na sua luta. Justa. Por melhores
condições de vida. Também têm direito. E têm direito a gostar tanto de lagosta
como os operários.
Por
isso, o financiamento por parte do patronato de uma campanha eleitoral
partidária é mais uma arma na luta desse mesmo patronato contra… contra quem?
Contra os seus concorrentes no mercado, é verdade. E também contra os
trabalhadores, a sua maior dor de cabeça.
Os
futuros actos do governo beneficiarão preferencialmente aqueles que o pagam e
só por acidente ou por uma questão de salvaguardar as aparências, beneficiarão
aquela entidade que é o inimigo natural dos interesses daqueles que pagam
campanhas eleitorais.
Isto
assim, simplista, e bruto parece… parece isso mesmo… parece aquilo que
realmente é, simplista. Por mais edulcorados que sejam os discursos, a
realidade é simples, não anda muito longe disto. Anda até muito perto.
Basta
perguntar porque é que os partidos comunistas, com todo o poder mobilizador que tiveram, nunca,
em democracia, ganharam eleições? É óbvio. Porque nenhum capitalista digno
desse nome, nenhum patrão honrado, vai
armar-se em parvo e financiar um partido comunista, um partido que jura a pés
juntos defender até à morte os interesses dos trabalhadores.
Claro
que os partidos comunistas – ou de esquerda marxizóide – podem, em democracia
aberta, defender quanto quiserem os trabalhadores. Simplesmente, essa defesa
não passará do nível do discurso.
(E
também resta saber se os partidos comunistas quando tiveram todo o
revolucionário e absoluto poder nalguns países defenderam na realidade assim
tão acirradamemte os reais interesses dos trabalhadores quanto o fazem
moralmente nas democracias onde não têm assento nos postos de decisão.)
Mas
enfim, o Estado tem que deixar de perseguir o interesse colectivo, até pela
simplória razão de que deixou de haver interesse colectivo. Todo o homem
competitivo é um ser individual que por sua conta e risco trata da sua própria
prosperidade. E se o Estado quer ser um
factor de competitividade tem que ignorar todos os que não querem ou não podem ser
competitivos. E o interesse colectivo passou a ser o interesse do colectivo das
grandes empresas à escala mundial, dos grandes patrões em busca de melhores
condições de trabalho e de vida.
Pois
é. Também eu pergunto o mesmo. Como é que ainda há políticos que têm a distinta
lata de, muito acaloradamente e sem rir, nos vir falar de democracia?
Mas
creiam que é pela razão de o Estado estar a mudar de natureza que os governos e
as oposições apresentam crescentemente ao nosso voto políticos de uma extracção
intelectual pouco menos que básica. É por estarem assim as coisas ao nível do
Estado que os debates eleitorais e parlamentares têm o rasteiro nível que hoje
têm. Tudo em prol da justa luta do patronato…
Os
governos nacionais, só para obter investimento estrangeiro, estão capazes de
vender a alma a todos os demónios que lhes aparecerem e não se coíbem de
arriscar a destruição do tecido social dos seus países.
E
porque, vamos lá com Deus, se não houvesse patronato saudável, bem vestido, bem
calçado e bem alimentado não seriam precisos trabalhadores para andarem ó tio ó
tio, ai que não tenho dinheiro para me vestir, nem para me calçar, nem para me
alimentar.
Podia-se
viver num mundo sem o patronato em luta contra os trabalhadores? Poder
podia. Mas não era a mesma coisa…
Atraves de um amigo fiquei a saber que as "questões de moral" têm continuação...
ResponderEliminarBem haja por nos brindar agora e aqui com o novo formato das "questões de moral...
a.castro
Wowwowowowowowowowowowwowoowowoowowwowoowwowowowowowowo
ResponderEliminarPALEOGRAFIA =
grande enormissima alegriaaaaaaaaaaaaaaaa
Abraçooo e continue wowowowowowowowwoowowowow
ResponderEliminarMuito bom... Continue!
Não é bom, é EXCELENTE!!!!! Há que pôr tudo a NU!!!! Joel Costa, continue. FORÇA, AMIGO!!!!
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