O VERDI
WAGNERIANO
E
OS COMPLEXOS DE PARIS
Estamos em ano de Verdi, não é?
Pode dizer-se que desde a aventura do “Don Carlôs” Verdi não perdia
uma ocasião para casquinar a propósito
da música francesa, a música, os músicos, os críticos, e, antes de todos, a
organização da Grande Opera.
Estamos fartos de o saber, Verdi
era homem que fazia gala do seu tempo, do tempo que vivia, e, embora
moderadamente, procurava estar ao par do que ia acontecendo por esse mundo, na
maquinaria agrícola, é verdade, na política e na guerra, sim, mas também na sua
profissão, na composição musical. Em 1865 (antes do Don Carlo, portanto) está ele em Paris. E vai a um concerto popular.
E leva um objectivo definido. Quer ouvir a abertura do wagneriano Tannhäuser. É preciso conhecer um pouco de tudo e não
saber nada do todo. A condessa
Maffei mandara-lhe as boas festas. E quisera logo saber o que Verdi achava
desse tal Wagner. E Verdi manda-lhe dizer o que achava. Que ele era louco.
Nesse ano de 1865 Verdi passeia
longamente por Paris. Bem vistas as coisas, até gostava da cidade. Gostava da
cidade e não se sentia com o mais pequeno apetite para o trabalho.
Via
o mais que podia de Paris, em especial a parte que se estava a construir. Mas depois teria que
deitar mãos ao trabalho. Já sabia o que ia fazer. O Don Carlo.
Desde 1850 que pensava naquele Don Carlo. Dois libretistas franceses
tinham-lhe proposto aquela história, tirada do drama de Schiller, e nessa
altura recusara. Quinze anos depois voltava à ideia. A Opera de Paris queria
dele uma coisa em grande.
Temos então que o assunto e os
passos da intriga estavam na mente de Verdi há muito tempo. Ou mais
propriamente a estrutura dramatúrgica, o traçado histórico das personagens. E
tudo circulava entre a realidade do quadro político e pessoal conhecido e a
lenda dos actos que medeiam os grandes gestos públicos, as grandes datas.
O infante Don Carlos seria assim
um tipo meio amalucado, e o rei seu pai, Felipe II, chegaria ao extremo de o
mandar encarcerar numa torre do Alcázar de Madrid, em Janeiro de 1568, para
seis meses depois (supostamente) o mandar envenenar. O que daria escândalo
político e traria reputação de crueldade inaudita ao grande rei. E quando a
princesa Isabel de Valois (raínha de Espanha depois do casamento com Felipe)
morre, cai sobre Felipe II a suspeita de também ter mandado assassinar a
mulher, e isso em função de outro boato, o qual seria uma ligação amorosa entre
ela e o príncipe Don Carlos, seu enteado.
O rei volta a casar. Desta vez
com Ana de Áustria. E piora ainda mais a sua histórica reputação, posto que Ana
de Áustria, também ela, teria estado na calha para casar com o príncipe Don
Carlos. Daí as cruentas famas de um Felipe II brutal e desapiedado assassino da
própria mulher e do próprio filho a entrar na lenda da História.
Verdi não se contentou com essa
visão simplista. E por isso procurou o que poderia haver por detrás da crónica
sangrenta.
Não terá sido (não foi) Schiller
a fonte primeira de Verdi no acesso a esta questão política, e passional, com
tão colossais potencialidades ficcionais.
A coisa vinha da juventude. Já em
Busseto o assunto provocara o criativo Verdi e levara-o à leitura da tragédia Fillipo, de um dramaturgo italiano das
suas preferências, Vittorio Alfieri. Alfieri, um liberal, um nacionalista, um
anti-clerical, um herói das ideias republicanas, um livre pensador, com o qual
não nos parecerá hoje nada de mais Verdi ter-se identificado. A tragédia Fillipo
servira a Alfieri para denunciar o culto do medo que os poderes impunham ao
povo, servindo-se literariamente da corte de Felipe II, chamando ao palácio
real de Madrid um templo, chamando Deus ao rei, e deixando aos cortesãos a
culpa de serem os ministros oficiantes desse culto de terrores.
Foi o Felipe II de Alfieri, pode
dizer-se, a complexidade humana da personagem, que despertou as simpatias – e a
curiosidade – de Verdi, aquele excruciante debate íntimo entre o dever de
Estado e a sensibilidade de pai, e um pai sobre o qual recaía o político dever
de sacrificar o filho, fosse por questão de moral política, fosse por questão
de moral pessoal, e sugerindo desde logo a Verdi a música para os pensamentos
mais tremendos que muitos anos mais tarde seriam colocados por ele na boca do
celebrado monarca – ah, e se Deus, para
além de todos os outros, me desse também o poder de ler nos corações dos
homens, põe Verdi por música na boca do rei.
Ah, esse, sim, o poder… o poder
que é absoluto na vontade de um rei dito de direito divino, mas que mesmo assim
será sempre humanamente relativizado, e limitado.
Já na tragédia de Alfieri Felipe
II nota a eventualidade de uma partilha de sentimentos a que por condição
estaria obrigado um rei que se fazia equivaler a Deus. Ele pode condenar o
filho ao suplício, mas acentua que é o dever de Estado que lhe impõe tal
decisão, e nunca o seu foro íntimo de pai, e assim excluindo de si a culpa
terrível que o faria ir direitinho para as profundas do inferno, pesasse embora
a sua sufocante religiosidade.
Em Alfieri, Verdi leu um Felipe
II como personagem atormentada e ambígua, todo ele dúvidas, e todo ele, por
isso mesmo, virtualidades dramáticas. Felipe II era protagonista de um dilema
que se coloca aos homens excepcionais. Não admira então que na ópera que Verdi
acabará por escrever a figura de Felipe II, pela desmesura humana e pelo
contraste psicológico, se erga com foros de principalidade, a roubar ao
protagonista justamente o protagonismo. Felipe é o soberano que comanda com mão
de aço a fatalidade da maior parte do mundo então acabadinho de conhecer, e no
entanto um homem com um coração sensível aos afectos, provavelmente o
fragilíssimo monarca mais poderoso da terra.
Verdi identificou-se com Felipe.
Como músico, também ele pautava a sua vida pelo rigor (por vezes rabugento) e
pela intransigência no essencial, capaz de, naquilo que de mais forte e
verdadeiro lhe brotava da alma, a música, deixar transparecer o verdadeiro
carácter, a ternura, a indestrutível confiança nos valores humanísticos, a
compaixão, a solidariedade.
Interessante saber (julgo eu) que
no tempo em que Don Carlo é concebido
Verdi teria a mesma idade atribuível a Felipe II na época em que decorre a
acção. 51 anos. Idade difícil (como todas), e mais um ponto de identificação
que pesou seguramente na construção músico-dramática da personagem.
Como Verdi na propriedade de
Sant’Agata, algo isolado do mundo, também reza a mitologia que Felipe passava
pela vida em reclusões voluntárias, devido à grande fé e à carga de poder que
lhe pesava. E todavia rodeado de cortesãos que não deixavam de intrigar,
eventualmente predispondo o monarca contra o filho, fazendo dele réu de
heresias e de rebeliões secionistas – isto para nada dizer da candente questão
dos alegados amores com a madrasta.
(Sobre a verdadeira história da curta vida do príncipe Don Carlos
aconselha-se a leitura de um dos próximos números deste blog. A não perder!)
Fico a saber que a tragédia de
Schiller aparece a público depois da obra de Alfieri. Chega às mãos de Verdi em
1840, andava ele por Milão e era amigo
chegado de Andrea Maffei, precisamente o tradutor italiano de Schiller. Também
não parecem restar dúvidas de ter sido o mesmo Andrea Maffei a entusiasmar
Verdi no universo schilleriano, tanto dele se serviu em toda a obra.
A respeito do espanholismo
verdiano...
Parece que a Espanha era o país
estrangeiro entre todos que mais interessava o chamado cisne de Busseto. Pelos
contrastes – pela possível musicalidade dos contrastes. Pela força telúrica dos
dramas da identidade hispânica. Ou pela interacção existencial e política dos
conflitos: opulenta e beata nobreza de espada por um lado, povo deixado à
miséria e aos deslizes heréticos por outro. Ou pelo orgulho. Ou pela força da
paisagem, quer humana quer geofísica. Pela adustez monumental do carácter?
Enfim, por tudo e mais alguma coisa…
Quando de visita a Madrid, Verdi
dedicou algum do tempo livre a estudar o Escorial. E veio de lá com impressões
muito vivas, se bem que não demasiado agradáveis.
Do
Escorial não gostei. É uma peça de mármore maciça, severa, feita à imagem
austera de quem a mandou construir e habitou.
Ao tempo da acção da ópera Don Carlo, Isabel de Valois tinha 13
anos – se fosse hoje, Felipe II estaria entalado como pedófilo - régio
pedófilo, mas mesmo assim…
Aporrinhada pelo tédio e pela
severidade religiosa do ambiente, a pobre deve ter vivido na corte espanhola em
permanente crise depressiva. Não seria para menos. Mesmo que os biógrafos
possam sustentar que a chegada de Isabel à corte de Madrid terá iluminado de
alguma alegria e de breve felicidade a vida do rei.
Outra questão interessante, penso
eu, é o trabalho de Verdi com a personagem do cardeal Grande Inquisidor. Quis
que ele fosse muito velho – andaria pelos 90 anos. Quis que ele fosse cego. Não
sei se Verdi o quis assim, de imponente estatura, mas o certo é que todos os
grandes inquisidores que eu vi até hoje eram de imponente estatura – como
geralmente são de alta estatura os baixos de voz. Impressiona ver no palco aquele
cardeal nonagenário, cego, seguido por dois sicários, apoiado a uma inamistosa
bengala, passo cambalante, a entrar nos aposentos privados do rei às tantas da
madrugada e recusando sentar-se.
Nem em Alfieri, nem em Schiller
esta personagem existia. Foi Verdi que a inventou. E com felicidade. O efeito
teatral da eminência parda, de um poder mais alto que o poder absoluto, a impor
a sua moral é assustador. Acho-a uma das mais geniais invenções da História da
ópera. E também a mais engenhosa e artística das vinganças pessoais do autor –
vamos lá a ver, a arte também serve para isso...
A invenção da personagem do
cardeal Grande Inquisidor foi um momento glorioso de ajuste de contas do
compositor com um dos seus fantasmas, em vista da pouquíssima simpatia que
nutria pelos padres.
Em Verdi, o Grande Inquisidor,
ainda que podendo ir ao arrepio da verdade histórica, não convive com o rei,
não se condói com os dilemas pessoais, não pactua com o poder político e
respectivas conveniências, e menos ainda pactua com o pretenso laxismo da
corte. É um fanático fundamentalista. Por isso Verdi o terá feito cego. Tem um
conceito rígido do papel da Igreja face ao Estado e do papel do Estado face à
Igreja. Por isso Verdi o terá feito muito velho.
Verdi nunca bebera os ares por um
certo padre lá da terra, Don Andrea Pettorelli, o pároco, o primeiro a levantar
a lebre de que Verdi, viúvo recente, tinha metido lá em casa uma amásia e vivia
com ela das portas para dentro, Giuseppina Streponi, essa mesma, coitada, era ela.
Em 1865, no limiar da composição
de Don Carlo, o padre Don Andrea Pettorelli estava reformado. Mas vivia ainda
em Busseto, muito perto de Verdi. E estava já muito velho. E estava cego.
Outra invenção de Verdi foi a
cena do Auto-de-Fé.
A última queima de herejes da
época (foram 24 deles) tivera lugar a 9 de Março de 1561, pouco depois do
casamento de Felipe e Isabel de Valois. Mas é por imperativos dramatúrgicos que
Verdi a transfere para um dia de 1568,
ano da prisão de Don Carlos e ano da morte de Isabel.
Verdi precisava de uma
grande cena pública de confrontação entre concepções de vida, entre Reforma e
Contra-Reforma, entre o poder régio e o seu contrapoder. E, enfim, entre pai e
filho.
Depois da estreia em Paris houve
quem dissesse que pela primeira vez na sua carreira Verdi teria subordinado a
inspiração musical aos elementos poéticos e dramatúrgicos do libreto. Podia ter
sido isso a empanar o sucesso dessa estreia. E também que, do ponto de vista
formal, a obra teria ficado num mezzo del
cammin entre o que já de Verdi era conhecido (os números fechados, as
árias) e o que, a partir dali, seria possível adivinhar na sua produção futura.
Quando de Verdi são de esperar romanzas de efeito, bonitos duetos,
cenas de conjunto em melodia imediata e comunicativa, bom, nada disso aparece,
e o público admira-se. O público parisiense ainda esperava pelo Verdi da Traviata, do Rigoletto, do Baile de
Máscaras, e esse Verdi estava em subtil processo de transformação,
metamorfose, de resto já ensaiadas pouco antes, nas revisões de Simon Boccanegra e Macbeth.
Mas, independente do juízo
parisiense, a carreira de Don Carlo prossegue.
Fora de Itália, primeiro, em Londres, Covent Garden (com trechos bisados e
50.000 libras de receita).
Encarreguei
o Escudier de me dizer sinceramente se a produção de Londres tinha sido ou não
um sucesso, um real sucesso. Se tivesse sido… que diriam os de Paris quando
soubessem que em Londres se montava uma ópera em quarenta dias quando eles
levavam quatro meses?
Estreia italiana acontece pela mão do afamado
chefe de orquestra Angelo Mariani. A 27 de Outubro de 1867, em Bolonha. O êxito é estrondoso. Verdi prima pela ausência.
Seguir-se-ia o Scala. E depois, Roma, Nápoles Florença e por aí fora. Novas
versões vão surgindo, cortes aqui, cortes ali, em quatro actos, em cinco actos,
Milão, 1884, Modena 1886, e sendo todas essas modifcações mais ou menos
abençoadas pelo autor. A estreia infausta de Paris é que não lhe saía da
cabeça.
A
questão é que… enfim… em Paris ensaia-se durante oito meses. E para obter o
quê? Uma execução fria, sem alma, sem sangue. Antes disseram que os meus ritmos
eram fáceis, que a minha orquestração era sumária. Com o Don Carlo disseram que me tinha germanizado. Só de pensar nos ensaios do Don
Carlôs fico com arrepios pelo corpo todo.
Não, a minha natureza é a de um urso. Não me dou nada bem com os veludos das
grandes capitais europeias
.
Que os compositores franceses
fossem os únicos homens de génio, ele dava isso de barato, talvez fossem. Que
os cantores franceses fossem os melhores do mundo… seriam (ainda que, segundo
Verdi, tivessem que aprender a sério a colocar a voz), e tudo isso estava
certo. Mas que na Grande Opera se executasse bem a música, oh não, isso é que
Verdi não levava à paciência…
Já não era pelo trabalhão de
escrever uma ópera. Já nem era por se intimidar com o juízo do público, que não
se intimidava nada.
O
problema é a certeza que tenho de em Paris não ser capaz de fazer soar a minha
música como eu quero. Há muitos conhecedores e muito entendidos, e cada um
julga segundo os próprios gostos e conhecimentos, e segundo um sistema, e sem
levar em consideração a personalidade do autor.
Disse-se que um jovem Verdi
estivera para vir trabalhar em Portugal como maestro do S. Carlos. Por sorte inaudita
dele não veio. Veio Angelo Frondoni. Que teria sido de Verdi se caísse na
asneira de vir apodrecer artisticamente ali para os lados do Chiado? Não teria
com toda a certeza sido Verdi.
Apesar de se perfilar como figura
de topo no mundo lírico internacional do tempo e expoente máximo da italianidade musical e cívica,
Verdi começa a ser acusado de cultivar tendências de estrangeirismo – embora se
saiba ser vêzo conhecido dos italianos denunciar em arte como estrangeiro
aquilo que não lhes agrade por aí além. E cada nova ópera de Verdi começa então
a custar a entrar no imediato favor do público. Mas a bem dizer era só questão
de tempo. À medida da multiplicação das récitas a paixão popular desencadeava-se
e a partir daí o público só esperava que o que ele fizesse a seguir se enquadrasse
no mesmo género. A maioria não podia admitir que Verdi se renovasse na sua
escrita a cada nova ópera.
A cada nova ópera, bradam os
críticos transalpinos aqui del-rei que Verdi está imbuído de wagnerismo.
Mas também já em 1851, por
alturas do Rigoletto – e não pode
haver ópera mais italiana do que o Rigoletto
– os mais marretas dos críticos tinham dito que Verdi suava germanismo musical
por todos os poros.
Os críticos? Mas que críticos?
Ora aí está: os franceses.
E por aqui se pode avaliar da
real importância da crítica que é contemporânea aos dias em que as obras são
publicadas. Mas isso seria uma outra, e longa, conversa…
Dez anos antes de Don Carlo, é preciso dizê-lo, os
críticos e musicólogos italianos, também eles, já tinham examinado à lupa a
partitura de Simon Boccanegra e
descoberto nela vestígios suspeitos, quer dizer, indícios comprometedores do
uso que Verdi faria do sistema do “famoso Wagner, aquele que está a subverter a
música dos nossos dias”.
Pois
bem, sou obrigado a confessar-me. Sou um wagneriano quase perfeito, ironizava ele.
Mas a verdade é que nas
imediações cronológicas da estreia e subsequente desenvolvimento da carreira de Don Carlo, por 1868, em Junho, acontece
a primeira representação absoluta de Mestres
Cantores, no teatro da corte da Baviera. Wagner asssiste no camarote do
rei. E no fim da récita manda às urtigas a etiqueta e tem o atrevimento de se
levantar e falar ao público: a obra que tinham acabado de ver e ouvir era a
mais orgulhosa afirmação da supremacia musical alemã.
Depois da estreia de Don Carlo no Scala, o governo de
Vittorio
Emmanuelle II distinguiu Verdi com a comenda da Coroa de Itália.
Emilio Broglio é o ministro
encarregado da tutela cultural, o mesmo que, em carta enviada a Rossini, e
depois tornada pública, declarara a falência da arte musical italiana. Depois de Rossini, escreveu ele, há bem, portanto, os seus quarenta anos,
pergunto o que produzimos nós de bom e música? Quatro óperas de Meyerbeer?
É este ministro Broglio quem envia
a condecoração a Verdi. Verdi acusa a recepção. E escreve ao ministro:
Muito
bem. Cá recebi a comenda instituída como honraria para os que pelas letras,
pelas armas ou pela arte prestigiaram a Itália. Contudo, e como V. Exa.
sentenciou, que de há 40 anos para cá nem uma ópera se fez em Itália, não
percebo bem a razão por que me condecoram. Deve ter havido um engano na morada.
E é por isso que devolvo o pacote ao remetente.
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