O CAOS DO NOSSO PASSADO
Os judeus,
pois, sempre eles na corda bamba da História.
Não existiram
campos de extermínio pelo gás em território alemão? Sei lá. Mas o próprio Simon
Wiesenthal, notório caçador de nazis do pós-guerra, terá escrito em revista ou
jornal, não sei bem, chamado Stars and
Stripes, edição de 24 de Janeiro de 1993, que o gazeamento de judeus apenas
teria acontecido na Polónia.
Holocausto.
Negacionismo. Revisionismo. A História. Há modos vários de chamar à tendência
de certos historiadores contemporâneos no desvalorizar ou no minimizar aquilo
que o mundo depois de 45 considerou o martírio e o genocídio dos judeus às mãos
de Hitler, o Holocausto, os muitos milhões de judeus exterminados nas câmaras
de gás de vários campos de concentração. E historiadores desses há-os de
extrema direita, e há-os de extrema esquerda, o que não deixa de ser
intrigante.
Um tal Paul
Rassinier era comunista em 1923, era esquerdista nos anos 30, era socialista em
34, era preso pela Gestapo em 43, deportado para Buchenwald, torturado.
Regressa do campo inválido. Concorre às eleições francesas de 46. Perde. Escreve
um livro em 1950. Nega a existência de câmaras de gás. É expulso do Partido
Socialista francês, recebe apoio da extrema direita e de várias personalidades
anti-semitas. Torna-se ferozmente anti-comunista. Dizem ser ele o primeiro
negacionista no que toca ao Holocausto. Paul Rassinier.
Quem serão os
negacionistas? Como será a sua estrutura mental? Leio que se distinguem por uma
estranha mestiçagem político-ideológica, pacifistas, anti-semitas,
anti-comunistas… e anti várias outras coisas, seguramente, e seguramente a favor
de outras tantas que eu não sei quais são…
Há quem diga
que são estalinistas e que para melhor esbranquiçar os crimes de Staline lhes
convém por igual absolver o nazismo. Ou o contrário: para porem em melhor
destaque histórico os goulags
estalinistas convir-lhes-à branquear o nazismo, pôr o nazismo a salvo dos
horrores que Stalin terá cometido – incluindo com judeus.
Mas não se
deve poder negar a evidência de uma esquerda anti judaica (ou anti-sionista) e
pró-palestina. Já a havia nos primeiros tempos do século que agora é passado.
Enfim, é o nosso
presente que constrói o nosso passado, não tenhamos ilusões. Por isso é que não
há presente. O nosso momento presente escoa-se a reflectir o passado, que é o
único tempo que realmente existe, revisto, revisitado, reformulado,
falsificado, reavaliado. E até porque foi no passado que germinou e começou a
definir-se o nosso presente. A cada segundo do presente que passa, formando o
passado e reconstruíndo o mesmo passado que o formou, há uma estória reescrita.
A grande História reescreve-se pela experiência incerta e sufocante do tempo.
No caso do
Holocausto, como noutros, estamos frente a frente com o passado. E o passado é
um caos. Um caos arbitrário formado por uma multitude de acontecimentos. Não é
conveniente enfrentar um caos sem uma consciência prévia dele, sem uma razão, sem
uma hipótese, sem uma teoria.
Uma certa
História só pode ter sido formalmente feita por certo tipo de homens. Por
exemplo, nos tempos presentes, e sendo a circunstância das Forças Armadas
portuguesas aquela que hoje é, nunca seria possível desencadearem-se factos que agregados, contraditórios e
aleatórios, formaram o corpo acontecimental que designamos por 25 de Abril.
Mas quem pode julgar
moral e historicamente, num dado tempo e circunstâncias, os homens que fizeram os factos dessa História
noutro tempo e noutra circunstância? (Agora de repente lembrei-me da
descolonização, a nossa, mas não é por aí que vou.)
Será que a
História pode entender o homem que a faz? Ou, dizendo de outra maneira: será
que a historiografia tem os meios de compreender a História que escreve?
Bom,
acontecimento histórico quase se pode dizer que é o que acontece ao pensamento
do historiador, no pensamento do historiador.
Ah, sim? E as
fotografias e os filmes feitos depois da libertação nos campos de concentração
alemães a mostrar as pilhas de cadáveres? São falsas?
Bem. Pois até
que podem ser. Não seria difícil. Mas também pilhas de cadáveres não quer dizer
que tivessem sido gazeados. Havia nos campos alemães muita epidemia e muita
fome com que matar muita gente sem ser preciso gás.
Atacar a
veracidade do Holocausto custará hoje tanto sofrimento moral aos hebreus como
se estivessem eles a ser fisicamente atacados de novo. A memória do Holocausto
é uma simbólica sagrada para os judeus e os anti-semitas de hoje bem o sabem.
Edgar Morin
diz-nos que o pensamento, enquanto pensamento, não desempenhou na História um
papel por aí além - Aristóteles não influenciou Alexandre com o seu pensamento,
a não ser para caucionar certos factos consumados. Mas não é possível negar o
papel que o pensamento, sem contudo a controlar, desempenha na História.
Fotografias.
Filmes. Testemunhos. Provas, em suma. Os revisionistas dizem não haver prova
alguma do facto histórico do Holocausto. Há testemunhos. Individuais.
Contraditórios. Quantos dizem ter visto realmente um gazeamento?
Documentos?
Não os há. Ou não nos chegaram. Estatísticas. O mesmo. Nada prova documentalmente – dizem –
os abat jours feitos de pele humana.
Nada prova a realidade de fornos crematórios preparados para calcinar milhões
de corpos. Há testemunhos. Individuais. Contraditórios.
Neste
particular do facto passado há sempre os que, eu diria instintivamente,
desconfiam de todos os testemunhos que possam negar versões da verdade tornadas
oficiais e que governos e partidos nos possam dar dos factos históricos. Assim
como os há de posição contrária: tudo o que é versão oficial lhes cheira
imediatamente a arranjo ou pura falsificação dos factos. Uns como outros
praticam razoavelmente a ingenuidade. Talvez. Mas talvez mais uns do que
outros. Quais? Se eu soubesse… se eu soubesse não estava aqui…
Depois da
guerra havia milhões e milhões de judeus ainda vivos na Europa. E nisso
acredita-se com facilidade. Mas outras centenas de milhar morreram
efectivamente durante a guerra por variadíssimas causas. Muitos fugiram da
Europa logo a seguir à guerra. Muitos emigraram. Para a América. Para a
Palestina. Para tanto lado.
Poderia um
extermínio maciço ser mantido secreto mesmo dos que sabiam que iam morrer?
Dificilmente. Os gazeamentos que eventualmente houve também não foram em massa.
E, pronto, aqui está o centro da querela: o extermínio judeu pode ter sido uma
gigantesca manobra de propaganda. E, vejamos, a verdade é que os judeus por
esse mundo fora, pelo seu poder financeiro sempre controlaram os meios de
comunicação à escala mundial, jornais, revistas, rádio, televisão, cinema… é
inegável…
Que aconteceu
realmente no caos do nosso passado?
Nenhum
acontecimento se destaca por si só de
outros acontecimentos – dizem os teóricos da História. Cada acontecimento é mais
um, entre outros. A valorização dele não pode acontecer sem a existência de um
sujeito valorizador.
Ah, mas os
negacionistas conseguiram notas telefónicas de Himmler de 30 de Novembro de 41.
Usam-nas como prova. Prova de quê? Claro: de que não havia em curso nenhuma eliminação
de judeus.
Transporte judeu partindo de Berlim sem liquidação - rezaria a
sobredita nota de Himmler. Que significa? Como interpretará um historiador
estas palavras? Que Himmler não queria que os judeus - ou pelo menos esses
desse carregamento de Berlim - fossem liquidados?
Ah, mas parece
existirem provas de que o conteúdo desse carregamento foi mesmo liquidado…
E se o Himmler
não queria liquidação naquele caso, é porque havia mesmo liquidação.
Lutei contra os judeus de olhos abertos, à vista do mundo
inteiro, e ficou claro que essa praga parasita da Europa seria finalmente
exterminada – disse Hitler.
E não era
propriamente uma crueldade, no pensamento de Hitler, exterminar os judeus. Se até criaturas inocentes da natureza, como
lebres e veados, quando estão infectadas precisam de ser mortas para não
contaminar as outras, porque é que as bestas que nos queriam trazer o
bolchevismo deveriam ser poupadas? – continua Hitler a perguntar. Na volta,
o grande problema para ele não eram os judeus, era o bolchevismo que os judeus
poderiam querer implantar - e até porque, como é sabido, Karl Marx, Trotzki,
Rosa Luxemburg eram judeus…
A História é
uma escolha de acontecimentos. Não passa disso. E pior ainda: uma escolha
preconcebida.
E provas de
que as câmaras de gás de Auschwitz, por hipótese, foram utilizadas para matar
gente?
Os primeiros a
entrar em Auschwitz na hora da vitória parece que foram os russos. E Auschwitz
terá sido modificada a seguir à guerra. Terá sido construída uma sala
suficientemente grande para parecer uma câmara de gás – custa um bocado a
acreditar, não? Fred Leuchter, o maior especialista em design e construção de câmaras de gás (americano, por sinal)
efectuou – terá efectuado - um cuidadoso exame em Auschwitz à tal sala, e a
outras, e considerou absurdo dizer-se que o compartimento pudesse ter sido
utilizado para execuções.
Auschwitz
seria um centro de internamento e um complexo de manufacturas diversas onde se
produziam variadas coisas, entre elas combustíveis sintéticos. Os presos
internados em Auschwitz eram força de trabalho escravo, isso sim – e não é nada
pouco.
Alguém daí terá
lido – ou visto, no estrangeiro – uma peça de teatro que fez enorme furor pela
Europa nos anos 50, ou 60, se não erro, de um senhor chamado Rolf Hochuht e
intitulada O Vigário? Se leu, ou viu,
na época, tomou pela primeira vez conhecimento de uma coisa chamada Ziklon B. O que era? Era um gás.
Cianídrico. Um pesticida muito usado na Europa de então. Venenoso, claro. E
alegadamente utilizado para as execuções
por gás em Auschwitz.
Mas seria o Ziklon B o gás ideal para o efeito?
Dizem-me que não. Que era tão somente um pesticida. E que foi parar a Auschwitz
para fumigar roupas e matar pulgas e piolhos, que era o que mais havia nos
alojamentos dos prisioneiros, e daí as pestes e a mortandade devida ao tifo que
os piolhos transmitem. Para matar gente havia gazes muito mais poderosos.
Serão precisas
20 horas para arejar uma casa depois de fumigada com Ziklon B.
Mas se o
comandante do campo de Auschwitz disse que os seus soldados entravam nas
câmaras de gás para ir buscar os corpos 10 minutos depois da acção de morte… ui!,
impossível: se os soldados lá entrassem 10 minutos depois levavam o mesmíssimo
tratamento dos gazeados. E o comandante até disse que os soldados fumavam o seu
cigarrito enquanto tiravam os corpos das câmaras de gás… ui!, falso: o Ziklon B é altamente explosivo.
Mas se os
historiadores do Holocausto afirmaram que era possível cremar corpos em cerca
de 10 minutos… ui!, não pode: um corpo leva coisa de hora e meia a ser
incinerado, e descontando os ossos maiores, que precisam de um tratamento à
parte.
Então vamos lá
a ver… suponhamos um ciclo generalizado de serviço de gazeamento em todos os
campos alemães… sim… muito bem, qual seria o máximo de corpos possíveis de
cremar se todos os campos estivessem em funcionamento ao mesmo tempo? 430.600, grosso modo. E agora pergunta-se outra
coisa: quantas toneladas de cinza iriam produzir 6 milhões de corpos
carbonizados? Muitas toneladas. Tantas que seria inconcebível na Alemanha um
depósito de cinzas tão grande…
Então como se
explica que, se Auschwitz não era um campo de morte, o comandante tenha
confessado que era?
Foi torturado
pela polícia militar inglesa – dizem os revisionistas da História. Admissível,
mas…
O Daily Express londrino, na sua edição de
24 de Março de 1933 anunciava em manchete: A
Judeia declara guerra à Alemanha.
Que significa
a travessia do Rubicão por César no ano de 49 antes de Cristo? Sim, quantas
pessoas, aos milhares, não atravessaram esse riozito que me dizem ser o Rubicão
sem que isso constituísse facto histórico, e o facto de ter sido César a fazê-lo
tornou a travessia histórica - e atenção!, histórica não por ter sido feita por
um imperador romano? Questão de contexto, tão somente. Questão de relação desse
facto com outros. Concretamente, a travessia de César está relacionada com a
queda do Império e com a iminência de uma nova ordem histórica mundial. Aí
está.
O facto
histórico tem relações com uma totalidade e é visto e interpretado desta
maneira ou daquela segundo um dado sistema de referências – e de interesses - de
quem o interpreta e no tempo em que o interpreta.
Um facto pode
ser bruto. Sim, bruto como as casas. Ou pode ser resultado de uma intervenção
teórica. Um facto bruto é, por exemplo, eu estar aqui chateado que nem um perú a
escrever estas patacoadas às 11 horas da manhã do dia 7 de Agosto de 2014.
Facto bruto. Brutíssimo. Mas será histórico? Espero que não…
Até aqui há
uns anos seria histórico falar nas propriedades e particularidades do gás Ziklon B? Que teoria sustentará o facto
de serem trazidas à baila as características do matador de piolhos chamado Ziklon B?
O que é que
individualiza os acontecimentos? A sua diferença de pormenor? O que eles são em
si mesmo? Pergunto.
E não se queira
desencantar nas minhas palavras alguma inclinação para um lado ou para o outro
do problema da verdade ou da mentira do Holocausto. Não sei. Não vi. Não estava
lá. Como poderia eu saber? E então, claro que sou da sua opinião e da contrária,
se for preciso. Como dizia o outro. Porque não tenho nenhuma verdade nem nenhuma
fé sobre estes casos e nem um lado nem o outro da verdade me surpreenderia
assim tanto. Não sei. Não vi. Não estava lá. Pergunto-me tudo isso a mim
próprio. E se para uns o Holocausto é matéria indiscutível, e nem eu tinha
o direito de estar para aqui a falar
nisso, para outros ele não existiu e ponto final, e para um terceiro grupo
ainda, quiçá senhor de uma sensibilidade democrática mais aguda, ainda a dúvida
lhe permanece no espírito e até acha muito bem que eu esteja aqui a falar
nisso…
O que é um
facto - ainda por cima histórico? O que é um acontecimento? Será que as coisas
acontecem mesmo? Será que os factos nunca acontecem e são uma operação da nossa
imaginação e do nosso ideal?
O que os
individualiza – aos acontecimentos - é o
acto simples de… acontecerem. Acontecerem neste momento e não naquele ou no
outro. Paul Veyne, o famoso professor, diz que a História não se repetirá
nunca, mesmo que lhe aconteça repetir a mesma coisa.
O cão que é atropelado neste dia não é aquele que foi
atropelado na véspera. E só porque hoje não é a véspera.
O ouvinte quer
coisa mais subjectiva do que a História? A historicidade é subjectiva. O
historiador diz-se que tem o direito de escolher o itinerário para descrever um
campo de acontecimentos, porque o curso dos acontecimentos não avança nunca por
uma linha direita e perfeita.
A visita de
uma delegação oficial da Cruz Vermelha Internacional a Auschwitz, em Setembro
de 1944, relatou que os prisioneiros internados podiam receber pacotes. Quanto
aos rumores que iam aparecendo na imprensa internacional acerca de câmaras de
extermínio pelo gás, segundo o mesmo relatório… não puderam ser verificados…
Quem leu ou
viu a peça de teatro que atrás mencionei, O
Vigário, talvez se lembre de que o centro do drama estava na posição que o
papa Pio XII e o Vaticano tomavam ou não, já não só relativamente ao nazismo,
mas mais em concreto em relação às câmaras de gás e ao extermínio dos judeus…
Dizem os mais
duvidosos que a existirem evidências de campos de extermínio o Vaticano estaria
em condições de o saber, e se o Vaticano ficou silencioso… é porque não havia
campo de extermínio algum na Alemanha hitleriana… e isto pode ser uma descarada
falácia, e para o autor da tal peça de teatro, Rolf Hochuht, o Vaticano e o
papa conheciam de ginjeira o que se passava na Alemanha, mas ficavam calados e
assobiavam para lado.
Vá-se lá agora
saber…
O que é um
facto?
O
acontecimento é o que se destaca de um fundo de uniformidade e é impossível de
conhecer a priori.
Qual o real
balanço do Holocausto?
6 milhões? 4
milhões? 2 milhões?
O grande
número é de judeus que morreram de causas naturais ou que foram mortos?
Poderiam
aqueles chuveiros ter sido usados como câmaras de gás?
Terá Hitler
dado uma ordem formalizada para a solução
final? Ou não?
Sim? Então
onde está essa ordem?, perguntam os sacanas dos negacionistas.
Perguntas
talvez de interesse relativo e mais especulativo do que outra coisa. Para mim é
pouco importante. Nem que fosse só um. Basta-me saber que houve seres humanos
que foram discriminados, assinalados, perseguidos, amontoados como porcos,
transportados como gado, expostos a epidemias fatais, obrigados a trabalho
escravo, obrigados a ser cobaias de experiências médicas, assassinados a tiro, à
facada, à fome, à peste ou à pancada, para que a minha consciência moral se
revolte, seja qual for o número deles e sejam eles judeus, comunistas, ciganos
ou homossexuais.
Holocausto.
Mas quantos morreram afinal de contas?
Os
negacionistas estimam de 300.000
a 500.000. Uma diferença de 5 milhões e 700 mil
relativamente à versão oficial.
E se alguns
sobreviventes afirmam ter visto corpos atirados para fossas e queimados com
gasolina, os revisionistas alegam que a falta de combustível na Alemanha desse
tempo seria razão bastante para tal não ter acontecido tanto assim. Além de ser
pouco provável que corpos humanos possam ser incinerados dessa maneira em
fossas devido à questão do oxigénio.
Para ter a
dignidade de ser histórico, um facto deve preencher um requisito único: ter
acontecido mesmo. É do amigo Banana. Cada facto está revestido de uma espessa
margem de não-acontecido e esse não-acontecimento ficará sempre implícito ao
facto.
O facto é
aquilo que o fazemos ser e quando parte dos factos históricos que sabemos são
vulgata escolar, são sempre a menor parte do que poderíamos saber.
Porque os
meios teóricos de determinação do facto
já constituem o próprio facto.
Ou será que o
historiador tem sempre de enunciar as
verdades primeiras? Responde Paul Veyne: As
verdades primeiras têm uma tendência vergonhosa para se substituírem às
verdades verdadeiras. Se ignorarmos que as nossas concepções do céu, das cores
e do lucro, justificadas ou não, não são eternas, não teremos a ideia de
interrogar os documentos sobre estes assuntos, ou melhor: não perceberemos
mesmo nada do que eles dizem.
Bem, mas,
vamos lá a ver, se os números e as circunstâncias do Holocausto estão
desajustados, são exagerados, foram sendo manobrados e manipulados para cima
com o correr do tempo, podemos perguntar: a quem pode ter aproveitado essa
manobra e essa manipulação? E a resposta dos revisionistas da História à
pergunta afigura-se por demais óbvia: beneficia os próprios judeus,
vitimiza-os, confere-lhes autoridade moral, política e fundamentalmente
histórica para os colocar acima de toda a objurgatória, sequer de toda a
crítica. São mártires.
Outros
acrescentam que a propaganda do Holocausto ajuda à unicidade entre os judeus e
os seus líderes; ajuda nas campanhas de angariação de fundos judaicos.
E agora a
parte um pouco mais enxovalhada disto: a propaganda do Holocausto terá sido
determinante nas quantidades fabulosas de dólares com que a Alemanha, pagando
milhões e milhões a Israel e aos sobreviventes, reparou a sua maldade
histórica; também terá servido de legitimação para a ajuda norte-americana ao
estado de Israel quando usado como argumento de pressão política pelo lobby sionista, forçando o apoio do EUA
à causa israelita no conflito no Médio Oriente, o que dá como resultado que o
contribuinte americano contribua para Israel com biliões de dólares por ano.
Mas também, dizem, beneficiou os
comunistas pela manobra de diversão que constituiu das atrocidades dos
campos de concentração soviéticos de antes, durante e depois da II Guerra
Mundial.
Escreveu o
inevitável Ortega Y Gasset que há muitos anos atrás o pensador entendia que o
conhecimento do mundo e da verdade não passava por nenhum outro caminho que o
da ciência física e que nem outra verdade indiscutível seria cientificamente
admissível para além da verdade física. Hoje,
diz Ortega, já se duvida que a verdade não
possa comportar outros tipos para além do físico. Há verdades não
exclusivamente físicas.
Cito
textualmente: Que seria o que chamamos de
conhecimento exemplar, protótipo de verdade, se satisfizéssemos com precisão o
sentido que leva em si a palavra conhecer?
Somente quando sabemos – prossegue Ortega y Gasset – o que é, na sua significação completa,
conhecimento, poderemos ver se os que o Homem possui levam ou não essa
significação, ou meramente se aproximam dela.
E ainda uma
citação de Lucien Febvre: Reúnem-se os
factos. Para isso vai-se aos arquivos, sótãos dos factos. Basta baixarmo-nos
para os recolher. Cestos cheios. Poisam-se em cima da mesa. Faz-se o que fazem
as crianças quando brincam com cubos e trabalham para reconstruir a bela imagem
que baralhámos para elas. O jogo está acabado, a história está feita. O que é
que se quer mais? Nada. Senão saber porquê. Porquê fazer História? E portanto,
o que é a História?
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