JESUS E SÓCRATES
Nestes tempos nacionais quando aparecem estes dois nomes o que
vem logo à ideia é o ex-treinador do Benfica ou o ex-prisioneiro da cela 44.
Até parece que estou a ouvir daqui alguns eventuais leitores a
pensar “lá vem este com mais uns comentários parvos a respeito da realidade
portuguesa, e agora, ainda por cima, a fazer comparações idiotas entre o Jorge
Jesus e o José Sócrates.”
Nada disso. Mesmo nada. Então o que é? É só para falar de ensino
e de educação. É só para trazer à colação dois dos mais excelsos mestres que a
civilização conheceu. É isso. E não é pouco.
Claro que em assuntos desta complexidade teria eu por força de recorrer à palavra de um erudito que me diz que professor é uma profissão com variegados sentidos e conteúdos, plena de nuances, balizadas entre a actividade rotineira e desmoralizada, um trabalho como outro qualquer, e a vocação de ensinar devidamente levada a sério, vivida e pensada intensamente, o pedagogo destruidor de espíritos e o mestre carismático.
E cá temos outra vez o Sócrates.
Não é esse, já lhe disse, é o
outro, o que só dizia verdades, e os de antes dele, os sofistas, grandes
mestres misteriosos e lendários, Hecraclito, Pitágoras, Parménides, Empédocles.
Sócrates. Ninguém estudou a sério as relações de Sócrates com os
que o frequentaram, os que o adoraram – também os houve, não tenha dúvidas,
amigo ouvinte – os que se fascinaram com ele, os que o detestaram. Por mim,
acho que Sócrates é daquelas personalidades que pode nem ter existido para
poder ter uma existência plena, eterna.
Sócrates
pode ser uma obra de Platão, uma dramaturgia de Platão para transmitir as
ideias que lhe eram próprias sem pretender figurar-se como mestre procurado por
discípulos.
Sócrates é – ou pode ser - uma figura, uma construção
filosófica, uma ficção tão contraditória que ultrapassa todos os superlativos.
Pode ser Lear, Hamlet, Macbeth, Agamemnon. Orestes, Fausto, Ana Karenina, Klytemnestra,
Falstaff, um dos que dispensam a realidade para serem mais reais do que
qualquer um de nós, do que eu, que me julgo tão cheio de realidade.
Mas um homem é condenado à morte no ano de 399 a.C., um homem
que falou palavras sábias que terão sido ou não as que Platão lhe atribuiu.
A ser real a figura e Sócrates, alguns o puseram em causa como
moralista, como pedagogo, como intelectual, Aristófanes, um caso.
Mas na noite do Banquete, Alcibíades apresenta-se. Talvez esteja
bêbedo. Talvez não. Mas está turbulento.
E se Sócrates pode não ser o Sócrates,
Alcibíades pode ser Platão.
E Platão pode ver Sócrates como um homem velho e
sólido, encharcado em vinho e todavia sóbrio, e lúcido; um homem imune às
necessidades materiais; um homem que não conheceu o desejo.
Coisa de tal monta
que, mais tarde, muitos dos doutores da Igreja o entenderão como o demónio
mesmo em figura de gente.
Sócrates, de nariz arrebitado, cara borbulhenta, feio como uma
noite de trovões e desajeitado, era senhor de extraordinário e natural poder de
sedução, um carismático que fascinava quem dele se acercasse, como o discípulo
que tão intensamente desejou o mestre. Alcibíades, que em desesperos tentará
por seu turno seduzir o mestre quando este, acusado de arrogância, está a
pontos de ser julgado.
(Que nem lhe passe pela cabeça de ninguém que o que estou a
escrever seja fruto de alguma investigação minha, de alguma erudição minha,
Deus me livre, é tudo devido às minhas leituras de George Steiner.)
Dizem então as crónicas que o belo Alcibíades passou uma noite
em companhia do homem divino que é o objecto dos seus desejos carnais. Mas esse
homem divino, Sócrates (cuidado, repito, cuidado com as confusões de nomes) trata
Alcibíades com ironia, e demonstra-lhe um perfeito autodomínio, tratando-o como
se fosse pai dele. E no entanto, se houve assunto em que Sócrates tenha
meditado largamente foi sobre o eros, o transcendente e o libertino. O Sócrates
platónico, quer-se dizer, a pensar na presença do amor no cerne do político
como do indivíduo comum, harmonia e conflito entre o eros e as verdades finais.
Um amor homoerótico. A paixão de um homem maduro por um adolescente – tudo o
que um tribunal de hoje condenaria sem um piscar de olhos.
O Prof. Steiner menciona o casamento de Sócrates com Xantipa, um
casamento desgraçado, e depois nota que aos mestres de filosofia pode convir,
por vezes, livrarem-se das respectivas esposas, e chama à conversa o caso de
Louis Althuser, o pensador marxista francês que assassinou a mulher.
Sócrates (não me canso de repetir, não façam confusão de nomes)
divertia-se com rapazes nús. O que dá forma às concepções de Platão a respeito
da homosexualidade, concepções que não abalizaram nem por nada os estudiosos a
formular uma conclusão objectiva, factual, que continua a ser ponto de controvérsia,
mas que Steiner considera de primordial importância para o tema da erotização
do ensino.
Sócrates professou a ignorância. A sabedoria de que foi
investido pelo oráculo de Delfos consistia na percepção da própria ignorância.
O método de ensino de Sócrates é como uma recusa de ensinar,
naquele esquema revelado por Platão, pergunta e resposta, a incitar no
discípulo inquirido um sentimento de incerteza, um pôr-se em causa. Aquele que
intuiu a técnica de Sócrates tornar-se-á um autodidacta.
Também Sócrates, ao que parece, acreditava que o verdadeiro
ensino se fazia pelo exemplo. O sentido de uma vida justa estava exactamente no
vivê-la. E uma vida justa, ao ver de Sócrates, podia ser uma vida de dúvidas,
uma vida interrogativa.
Um homem não pode indagar o que sabe, porque já o sabe, e então
não necessita de o fazer. Mas também não pode indagar o que não sabe, visto que
o desconhece -
grande ensinamento do Sócrates platónico em Ménon.
Conhecimento é reminiscência.
Sendo a alma imortal, onde adquiriu ela o conhecimento pleno?
Num estado anterior de existência. Tudo está relacionado e, como tal, a alma
recolhe a componentes do conhecimento pela associação. E que acontece quando
descobrimos? Apenas recuperamos. Recuperamos o quê, como? Recuperamos um conhecimento
que vagava em nós mesmos em estado de latência.
As visões induzidas pelos mestres são efectivamente re-visões.
Jesus, como Sócrates, é figura cimeira da nossa civilização.
Cito directamente as magníficas palavras de George Steiner: as narrativas da
paixão inspiradas tanto pela morte de Sócrates como pela de Jesus deram origem
ao alfabeto interior, aos reconhecimentos codificados de grande parte da nossa
linguagem moral, filosófica e teológica, introduziram na consciência ocidental
uma tristeza irremediável, bem como uma febre de esperança.
Sem um e outro, Sócrates e Jesus, seria impossível aceder à
evolução do intelecto ocidental, Hegel, Kirkegaard, Nietzsche, esses assim,
nada, não existiriam. E também Jesus foi o pedagogo itinerante na tradição sofística
grega. Sócrates perambulava por Atenas e arredores; Jesus cumpria o seu
magistério nos circuitos da Galileia e de Jerusalém.
Jesus apresentava-se e
todos se dispunham a ouvi-lo, como mestre, como professor de doutrina.
Mas não aconteceu com Jesus o mesmo que com Sócrates com
respeito a discípulos. Jesus escolheu os seus. Doze. Como as tribus de Israel.
Como os signos do Zodíaco. E não são os aristocratas meio estroinas de Atenas.
São tipos vulgares. Tipos vulgares que eram apanhados pela doutrina de Jesus. E
porquê? Porque ele ensinava com uma autoridade natural, ao contrário do que
todos estavam acostumados, que era ao ensino mecânico, fossilizado e normativo
dos escribas.
Certo dia, na celebérrima universidade americana de Harvard,
testaram-se as aptidões de algumas figuras máximas da História humana para a
docência universitária, dando fé e considerando tudo o que dessas figuras se
sabia. Foi então apreciada a candidatura de nem menos do que de Jesus de
Nazaré.
Pois Jesus muito dificilmente poderia pretender ensinar em
Harvard. Porquê? Era um professor excelente, admitiu o júri, com um senão: não
tinha publicado nenhum trabalho. Boas aptidões pedagógicas, sim senhor, mas não
publicou.
Eis, na anedota, uma das afinidades entre Jesus e Sócrates. Nenhum
deles publicou. (Jorge Jesus não, por enquanto, mas o prisioneiro 44 sim, e um best seller – há quem diga que comprado
por ele próprio.)
Os ensinamentos de Sócrates e de Jesus de Nazaré não se
conservaram sob a forma da palavra escrita – escrita por eles, atenção. No caso
de Sócrates, e pelo testemunho de Platão, só por duas vezes o mestre consultou
uns rolos de pergaminho. Alain, o maître a penser francês classificou
estes tempos de helénica oralidade como uma ivresse du discours, a
embriaguês da palavra falada.
No caso de Jesus, aponta-se uma excepção, anódina, aliás,
contida no capitulo 8 do evangelho de João, nos versículos de 1 a 8: Jesus
inclinou-se e escreveu na terra com os dedos, como se não os escutasse.
Mas, em que língua escreveu Jesus na terra com os dedos. Não se sabe. Aramaico?
Grego? Será que Jesus sabia escrever?
Não, não há evidências de que Jesus soubesse escrever. Mas se
calhar sabia…
Tópico capital do grande e velho ensino: a oralidade. O mestre
fala, o discípulo ouve, bebe-lhe as palavras. A oralidade é, se se pode dizer,
um ideal até de vida. A oralidade que passa mal para o papel escrito, que se
trai e se falsifica se reduzida a documento – todos sabemos o que é a
sensaboria da acta de uma reunião animada onde se dirimiram acaloradas razões.
Feliz daquele que encontra o professor, o educador -- diria Nietzsche, outro dos que,
sendo um universitário brilhante, desdenhava a universidade. E queria ele dizer
com educador um instrutor na área do intelecto, na área do comportamento moral.
E também se atrevia a dizer que um grande professor transformava qualquer homem
num inteiro sistema planetário.
Continuando com Nietzsche, transcrevo-lhe mais algumas
sentenças, as que pôs na boca do seu personagem Zarathustra: necessito de
discípulos. Se os meus livros não servirem de isco para obter discípulos terei
falhado, porque o essencial a comunicar só pode ser comunicado de um ser humano
para outro e não pode nem deve ser tornado público.
As doutrinas de Zarathustra obrigavam-se a criar ouvidos aptos a
escutar a voz excelsa do mestre, porque depois da morte de deus, só o
super-homem poderia entabular o verdadeiro diálogo. E Nietzsche, como depois
Wittgenstein, sabia que o verdadeiro discípulo era aquele que acabaria por
rejeitar o mestre, e depois de aprender seguir-se a si próprio.
Ordeno-vos
que me percais e que vos encontreis; e só regressarei quando todos vós me
tiverdes negado – assim falaria Zarathustra.
O maior triunfo do mestre é ser refutado, anulado pela
descoberta do discípulo, descobrindo por seu lado no discípulo um potencial que
o ultrapassa.
Vigilância criativa, recomenda Sócrates. No Zen, o mestre
desanca os discípulos para os manter despertos, porque o grande ensino reside
na insónia. Isso e a oralidade. O que é que nos pode levar à verdade? A palavra
dita. Só? Só. Nada mais? O encontro cara a cara, olhos nos olhos. E a escrita?
Há que desconfiar da escrita. Porquê? Porque atrofia os poderes da memória. E
que é a memória? A memória é o dom humano que possibilita a aprendizagem.
Que acontece ao texto memorizado? Actua dialecticamente com a
nossa existência temporal. E mais? E modifica-nos as experiências. E mais? E é
modificado por elas.
Os prisioneiros hebraicos dos campos de concentração consultavam
os rabinos e os especialistas do Talmud que também estavam prisioneiros. Esses
eram considerados livros vivos, consultá-los em busca de consolo era como
folhear as páginas dos livros sagrados.
O prof. Steiner confirma-me o que eu suspeitava de leituras
avulsas e caóticas: que a literatura épica essencial era de transmissão oral, e
que a sua qualidade declina com os progressos que levaram à escrita. E daqui a
convicção de que uma subalternização da memória nos processos mais modernos de
ensino não seria (não será) mais do que rematada estupidez.
A escrita imobiliza o discurso. Torna hirto o livre jogo que é o
pensamento.
Aportando à modernidade mais e mais moderna, os computadores, a
web, a net, Steiner acredita por um lado que se está em vias de um regresso à
oralidade, porque os textos lidos em computador são virtuais, abertos,
provisórios, e tal poderá recuperar o ensino socrático que Platão dramatizou.
Por outro lado, já se vê que a capacidade ilimitada de conservação e circulação
de informação, a criação de bancos de dados que a chamada literacia electrónica
possibilita, constitui um atentado flagrante contra a memória humana.
E se Sócrates usava a mitologia, Jesus criava as suas próprias
parábolas. Dom raro. Steiner diz que houve depois dele Shakespeare, Wagner,
Mozart, Kafka – entre os espíritos que por parábolas nos moldaram a
consciência. Parábolas que o Dr. Steiner considera estruturas narrativas
abertas, passíveis de grande número de interpretações. Parábolas que
instituíram o desequilíbrio nos espíritos, metáforas em desenvolvimento que
enganam a inteligência que julgou apreendê-las na totalidade – como Heidegger
postulava: a verdade esconde-se no próprio processo de revelação.
As parábolas de Jesus – usando sempre a interpretação do Dr.
Steiner – significariam aquilo que torna importante e inexplicável a arte de
ensinar. As almas anseiam pelo sentido, um sentido para as pessoas, para as
ideias, para as coisas, as almas e as inteligências, claro está. É esse anseio
que obriga os discípulos a regressar sempre e sempre às mesmas parábolas.
Um
regresso no entanto frustrado, ou que continuará a frustrar a busca de sentido,
mas um regresso que se repete sempre e sempre, e que além de outros levará os
espíritos a abeirarem-se do conceito de ressurreição – ressurreição que Steiner
não se esquece de entender como metáfora também ela.
Fala George Steiner: as nuances e a escassez de referências e
de conteúdo pessoal tornam quase impossível a ordenação sistemática dos
discípulos de Sócrates, mas nos evangelhos sinópticos (e aqui confesso a
minha ignorância, sobre o que sejam esses evangelhos; aos evangelhos puros e
simples ainda chego… mas sinópticos – sinopses?, de quê?, não sei, e por isso
transcrevo esta passagem textualmente), nos evangelhos sinópticos, uma
técnica bidimensional (continua a ser muito forte para o meu entendimento)
fornece a alguns discípulos de Jesus uma incisiva realidade.
Pedro, André, Simão Cananeu: é-lhes reconhecida individualidade;
a pintura e a arquitectura ocidentais pouco existiriam como as conhecemos sem
eles.
E os acessos de violência do próprio Jesus – também são de
mestre. Tiago e João são admoestados. A traição de Pedro é prognosticada pelo
Mestre.
Simão, dormes? Nem por uma hora pudeste vigiar? – a questão das vigílias no
universo mental dos grandes mestres antigos, mais uma vez.
Entre as descrições do platónico Banquete e da evangélica Última
Ceia há afinidades. Há entradas e saídas de cena. Há evocações do quadro
político-social do momento. A morte violenta, muito próxima no caso de Jesus e
muito provável no de Sócrates, relativamente ao tempo da acção, está presente
na narrativa de forma significativamente sombria.
Na narrativa dramática da Última Ceia lá aparece o discípulo que
Jesus amava. Foi retratada na arte do ocidente: cabeça reclinada no peito do
Mestre. Quem é? João? Pedro? Maria Madalena travestida? Depende das
interpretações. Não tem uma identidade precisa. É figura mistérica, esotérica.
O amado do Mestre. Jesus fala-lhe ao ouvido de forma a que mais ninguém – mais
nenhum discípulo – possa ouvir o que lhe diz. Mas também nunca a cena foi
pintada por quem lá tivesse estado. Essa é que é essa.
E Judas? Judas amava Jesus de um amor imperfeito. Quereria ser
ele o delfim? Pergunto. Quereria ser apenas notado como o favorito? Não sei.
Mas Steiner vê no episódio da traição de Judas a figuração de um impulso muito
presente na relação entre mestres e discípulos. As rivalidades entre
discípulos, é do que se trata, porque cada um deles quer ser o favorito,
preferivelmente o delfim. Tudo isto – aspirações, invejas - se encontra, na
leitura de Steiner, em comunidades religiosas, ateliers, seminários
universitários, equipas de investigação científica. Em todos os tempos.
Judas aceita o pedaço de pão. Alguns comentadores assinalam o
facto como um sacramento satânico, a antítese da comunhão. Judas assistira a
manifestações carinhosas de Jesus por um deles, talvez João, talvez Pedro.
Judas desilude-se. Não é ele. Tem ciúmes. Quem aspira ao amor e ao favor de um
mestre sente a rejeição como sensação insuportável.
Steiner estabelece uma ligação interessante - genial, diria -
entre as figuras de Platão e de Paulo de Tarso. Discípulo talvez presencial,
digamos, um, Platão – embora estivesse ausente, estranhamente ausente, na hora
da morte do mestre, Sócrates. Discípulo que não privou minimamente com o
Mestre, o outro, Paulo. O que os une, ou identifica, é a conversão à linguagem
escrita, num sublime esforço de divulgação da palavra dos mestres, da oralidade
dos ensinamentos.
Platão e Paulo asseguraram pela escrita a posteridade às
sentenças magistrais. Publicou-se a oralidade. E a oralidade perdurou pelos
séculos, ainda que mumificada, por assim dizer, na palavra escrita.
Restará o
conflito eterno entre a letra e o espírito. Platão, poderá ter-se desviado do
essencial e do genuíno da doutrina socrática. Paulo, pelo que diz Steiner,
transforma Jesus de Nazaré no Cristo. Para os discípulos mais fiéis pode sobrar
um destino maldito: o de trair os seus adorados mestres. E só porque a
fidelidade e a traição estão indissoluvelmente ligadas – di-lo George Steiner e
eu acredito.
E tudo isto será tão verdade quanto o nosso mundo presente e
portuguesmente mediatizado gira em torno de duas figuras cimeiras, esses: Jesus
e Sócrates
Estimado Joel Costa, conheço o seu trabalho desde o programa Portugal Europeu que passou na RTP2. O Sr não está sozinho, há muita gente que preza a sua opinião, continue com o excelente trabalho que tem feito. abraço
ResponderEliminarMais uma vez a sua extraordinária capacidade de associar, subvertendo, figuras e factos... Um magnífico texto. Parabéns!
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