shakespeare
400
– robert louis stevenson
Stevenson
orgulhava-se muito das suas primeiras leituras de Shakespeare e recordava o
prazer que dessas leituras havia tirado.
Só não lera Ricardo III, Henrique VI e Titus Andronicus. Fizera tentativas, mas
admitia que nunca na vida os chegaria a ler.
Outra insignificância engraçada é o ter
gostado entre todas as personagens romanescas da de D’Artagnan, e ter notado
que nem Shakespeare alguma vez conseguira personagem tão bem esgalhada como
essa de Dumas. Ou, no mínimo, que nunca advertira da obra de Shakespeare
personagem com que simpatizasse no mesmo grau.
Mas também nada na vida o tinha emocionado
mais do que o discurso de Kent a Lear.
E também poucos amigos tinham exercido sobre
a personalidade de Stevenson mais forte influência do que Hamlet. Ou Rosalind –
com esta encarnada no palco por uma actriz sublime, Sarah Siddons.
Delirara com a segunda parte do Henrique IV, quer considera um momento
de suprema eloquência. Como do mesmo modo admirara o elogio dos hussardos feito
por Falstaff na primeira cena do 4º acto.
A cena de Rosalind e Orlando era um modelo de declamação. E da
nobreza viril do adeus de Othello à guerra nem valia a pena falar.
Tudo isso era música. Era o patamar superior de organização de
texto. Era a mais compacta unidade entre as partes, o equilíbrio perfeito de um
pêndulo.
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