quarta-feira, 28 de agosto de 2013

                     PODEROSOS MESMO, OU       
           SIMPLESMENTE PÂNDEGOS?




Sobre o Código Da Vinci, o prof, Umberto Eco disse que o autor tinha copiado livros que há mais de 30 anos estavam à venda em Paris na Rue de la Huchette. Até pode ser. Mas o nó da questão, para mim, é que nenhum desses livros à venda na Rue de La Huchette vai para 30 anos teve o impacto público e comercial que este teve.  O que não significa que este preste para alguma coisa  - literariamente, bem entendido.
Mas porquê tanto sucesso? Porque os meios de promoção do produto foram poderosos? Porque o público está cada vez mais preparado para aceitar versões seja do que for que passem ao lado das ortodoxias, das versões oficiais e dos dogmas? Porque o público acha tão sem sentido e tão mal explicadinhas algumas crises (políticas, e sobretudo económico-financeiras)  que sente que alguma coisa se está a passar nas suas costas de eleitor. E, pior, alguma coisa que a sua disciplina e constância de voto, ou a sua fé partidária e democrática não podem - nunca poderão em tempo algum – resolver.
O público sente que alguém que não a Merkel, o Obama, o Cameron, o Hollande, o Putin, o Ângelo Correia (apenas enquanto inventor, construtor e operador da marionette Passos Coelho), o Paulo Portas, a Maria Albuquerque ou o Cavaco, está a mandar no mundo. Só não sabe é quem. E já agora, enfim, gostaria de saber. Aí é que está…
Saberemos nós algum dia, porventura, até que ponto o êxito de vendas de um livro como o Código Da Vinci (e seus derivados editoriais também) teve influência na escolha do papa Bento XVI? Ou se teve influência na resignação do mesmo Bento XVI? Ou se teve influência na eleição de um papa tão pouco convencional como o Francisco?
Nunca o saberemos, é mais do que certo.
Mas logo a seguir à eleição do cardeal Ratzinger disse-se à boca cheia que o novo papa iria assegurar – mais ou menos isto – a continuidade da Igreja.  O mesmo se disse (talvez à boca menos cheia) depois da eleição de Francisco. Terá sido essa continuidade da Igreja (a de Roma, claro) alguma vez posta em causa nos tempos recentes? Por quem e porquê?
Mas deixemos isso.
Que poderemos nós dizer?
Vamos antes dizer que em 1824, um escritor de que hoje ninguém ouviu falar, gozava de bastante nomeada, Charles Nodier, nomeado bibliotecário-chefe da Biblioteca do Arsenal, isto é: nem mais nem menos do que no maior depósito francês de manuscritos medievais com especial incidência sobre as ciências ocultas. Ora a direcção de tal biblioteca foi logo parar às mãos de Nodier. Porquê? Terá sido por ele ser membro do Priorado de Sião e seu grão mestre entre 1801 e 1844?
Na Biblioteca do Arsenal estavam depositadas as obras de Nicolas Flamel – também ele dado como grão mestre do Priorado. A Biblioteca era ainda depositária da biblioteca pessoal do cardeal Richelieu, biblioteca essa de tão grande dignitário da Igreja católica e de fundos maioritariamente respeitantes ao pensamento cabalístico, à magia e à Hermética.
Nodier reservou para seu uso aposentos nas instalações na Biblioteca do Arsenal e organizou um salão de intelectuais e artistas. Pretendia ser ele o papa da estética parisiense. Victor Hugo era discípulo de Nodier e uma das grandes estrelas desse salão, mas também Chateaubriand, Balzac, Delacroix, Dumas Pai, Lamartine, Musset, Gauthier, Nerval.
Há fortes suspeitas de que a queda de Napoleão foi longamente perpetrada pelos agentes cinzentos do Priorado. O próprio exército estaria minado de confrarias secretas. Uma delas, no entanto, teria a precedência sobre todas, os filadelfos, que conspiravam contra Napoleão e seriam um braço operacional do Priorado.
Ficava também para o imaginário popular a função de ir disseminando rumores e convicções de terem sido as sociedades secretas a instigar a Revolução Francesa.
Na era pós-napoleónica, a teoria da conspiração conheceu um dos seus grandes momentos históricos.



Em 1903 apareceu na imprensa um documento que levantava o véu sobre uma conspiração mundial. Ninguém lhe ligou. Reapareceu dois anos mais tarde. Entre os vários títulos que lhe deram o mais conhecido foi o de Protocolos dos Sábios de Sião.

                                                                       

O que o aparecimento dos Protocolos provocou foi uma reacção anti-semita capaz de estar na base do período histórico que se seguiu. E no quadro em que tenho estado a divagar, a palavra Sião leva-me evidentemente, e ainda que não o queira, a certa coisa, claro…
Os Protocolos anunciavam uma conspiração judaica para o domínio do mundo – estava-se mesmo a ver que era mentira, claro, e que os judeus não dominavam coisíssima nenhuma, nem a finança, nem os media. Mentiras. Ainda hoje se vê a légua que é mentira…
E fico a saber que em 1919, cópias dos Protocolos foram distribuídas na Rússia pelos soldados do exército branco a querer convencê-los que teriam sido os judeus os responsáveis pela revolução comunista. E em consequência disso deu-se cabo de cerca de 60.000 judeus.
Seria verdade? Seria mentira?
Não sei porquê, apanhei o maldito hábito de suspeitar de certos factos que parecem mesmo operações da propaganda…
Mas também parece verdade que Alfred Rosenberg, o ideólogo nazi-racista, deu aos Protocolos dos Sábios de Sião  grande divulgação e que Hitler alguma coisa neles se inspirou para o Mein Kampf. Problema eram as dúvidas que se levantavam sobre se o documento era ou não uma falsificação grosseira posta a circular justamente por entidades ocultas anti-semitas.
Os Protocolos anunciavam uma nova ordem (ou uma outra desordem) mundial sob a férrea governação dos judeus. Derrube de regimes. Controlo de instituições. Manipulações do publico, da política e da economia e da finança mundiais.  E que tão negro plano vinha sendo posto em acção desde há muitos séculos atrás. E pronto… muitos séculos atrás… Sião… daria para pensar em quê, em quem?
Mas parece que se chegou a um consenso acerca de que se tratava de uma falsificação. O que dá ainda mais para desconfiar e pensar que não existem falsificações neste mundo secreto, flexível e virtual onde tudo parece e é ao mesmo tempo, ou não parece nada e é, ou parece mas não é, ou não é mas parece.
Pronto… já me baralhei…
Relativamente a feitos mais recentes, uma pergunta ressalta. E intriga que se farta. Porquê a Cruz de Lorena (com toda a sua carga secular de implicações e significados tanto claros como ocultos) como emblema das forças da França livre do general De Gaulle?
Porquê o emblema de René d’Anjou, a insígnia de um ducado que sempre foi mais ou menos germânico e autónomo a prefigurar a integridade da pátria francesa precisamente contra o ocupante alemão?
Parece ser um facto que o Priorado de Sião desempenhou papel de alguma monta na Resistência Francesa, Priorado ao qual – e ao que dizem - De Gaulle, de uma maneira ou de outra, esteve ligado.
Em 1966 o emblema da companhia francesa de petróleos ANTAR é (leio) uma insígnia merovíngia disfarçada de logótipo publicitário.

                                                           

A ANTAR PETROL, importante agente económico francês dos anos 60 era (seria) desde logo, e por si mesma, uma forma de propaganda merovíngia codificada, um signo do Priorado, com uma figura de rei merovíngio empunhando um lírio e um círculo - parece anedótico uma poderosa companhia de petróleos a apelar ao regresso dos merovíngios ao poder, mas… nada existe mais do que aqulo que não existe…
Depois da separação entre o Priorado e os Templários, ocorrida em 1188, o Priorado passou a escolher autonomamente os seus próprios grão mestres. Jean de Gisors é o primeiro. E parecia estabelecido que cada novo grão mestre logo que nomeado se comprometesse a adoptar o nome de João – ou Joana, quando tocou a vez a uma mulher. De 1188 até 1963, a lista dos grão mestres do Priorado de Sião é um desfile de Joões.
O que poderia significar isto?
Podia ser que significasse uma intenção de criar uma espécie de papado sombra, um papado esotérico.
E porquê João?
Porque era o contra-nome que se opunha a Pedro, o apóstolo sobre quem a Igreja construíra a sua mitologia e os seus dogmas.
Mas qual João? João, o Baptista? João, o Evangelista, o discípulo amado, o autor do esotericamente chamado Quarto Evangelho?
Ou ainda João, o Divino, autor do Apocalipse?
Jean de Gisors, João de Gisors, portanto, ao ser entronizado grão mestre do Priorado, adoptara o título-nome de João II: queria dizer então que teria havido um primeiro. Quem? Não sei. Talvez o João inicial, Baptista, Evangelista ou Divino, o que inspirara a linhagem dos grão mestres do Priorado.
Fosse como fosse, a sucessão de joões à testa do Priorado estende-se pelos séculos, até à eleição, em 1918, do último grão mestre conhecido, e que sucedeu a Claude Debussy, chamado Jean Cocteau. Jean Cocteau, na ordem dos priores de Sião era o 23º, João Vinte e Três.
Em 1959, segundo tudo leva a crer, é ainda Jean Cocteau o 23º João à frente do Priorado.
E em 1959, morre o papa Pio XII.
E em 1959 o concílio dos cardeais elege novo papa. Angelo Roncalli, chama-se ele. Mas tem de escolher um nome de papa. E escolhe. E diz-se que para geral decepção dos círculos mais restritos do Vaticano, escolhe o nome de João. João que na ordem sucessória papal seria o 23º, João XXIII. O grande papa verdadeiramente renovador.


O círculo dos mais iniciados de Roma havia excluido, ou contra-indicado, o nome de João, possivelmente pelas mesmas razões que o Priorado tinha para o usar. O nome de João para um papa não se usava desde o século XV, fora usado pelo bispo de Alet, que se declarara um anti-papa e abdicara em 1415, e era já então ele o 23ª papa João. E pronto, não parecia fazer sentido que Roncali, entre tanta escolha possível, fosse desenterrar histórias esquecidas e o nome de João, e ainda por cima o 23, que tinha sido o número de um papa que pouco foi papa, que foi mesmo um anti-papa.
E calha que o João XXIII da Igreja católica morre em 1963, no mesmo ano em que morre Jean Cocteau, o João XXIII do Priorado de Sião, o dito papa oculto.
Entretanto, após a morte de Angelo Roncalli, começaram a aparecer uns livrinhos com poemas proféticos e meio herméticos de impenetrável sentido que lhe são atribuídos. E outros opúsculos que historiam a filiação secreta de Angelo Roncalli na ordem da Rosa-Cruz, em 1935, era ele Núncio Apostólico na Turquia.

Claro que nada disto se pode provar. Claro que tudo isto pode ser uma bela história de mistério. Claro que tudo isto parece inverosímil e falso.
Mas… e se fosse mesmo verdade?
E já agora… será que a luta secreta entre o Priorado de Sião (no caso de existir realmente) e a Opus Dei, que existe mesmo, e muito, teve alguma influência na escolha do cardeal Ratzinger para ser o papa Bento XVI? Ou na resignação dele. Ou na eleição de Francisco?
A organização Rosa-Cruz em que Roncalli se filiara (se terá filiado) na Turquia seria um braço do Priorado de Sião. Nesse caso, ao ser eleito papa, Roncalli terá cometido uma audaciosa e  secreta afronta a Roma, escolhendo o nome e a ordem do seu grão mestre secreto, o que significava (poderia significar) que a reinar sobre a Igreja e sobre a ordem oculta haveria um mesmo papa, uma semelhante vontade, um igual desígnio. Poderia significar que duas organizações historicamente  inimigas (Priorado e Roma) estariam em breve para se reconciliar e reunir? Poderia significar que os objectivos perseguidos por ambas eram os mesmos ainda que por meios diferentes, e que o escopo principal de ambas, doravante, seria idêntico: a restauração da dinastia merovíngia?
Não sei. O certo e sabido é que, mais do que qualquer outro papa, João XXIII muito profundamente interveio no seio do catolicismo, orientando-o inequivocamente para o Fim dos Dias, ou para a modernidade (chamemos-lhe assim), através das reformas do Concílio Vaticano II.
João XXIII, ou Angelo Roncalli, esse sim, um grande papa moderno, debruçou-se ainda sobre a questão da maçonaria e procurou rever a posição da Igreja no sentido de se poder admitir aos católicos militância maçónica. Quer dizer alguma coisa.
A quantidade de coisas que se passam – ou podem estar a passar-se - neste mundo e nesta vida e de que os jornais e a televisão não falam nem ao de leve… é exactamente o que faz o sucesso dos livros que se publicam sobre o oculto e o esotérico. Ninguém sabe o que se estará a passar, mas o andar e o cariz dos tempos obriga o cidadão comum a desconfiar de qualquer coisa. E qualquer coisa em que ele, cidadão não pode usar o voto democrático; onde ele, cidadão, não pode meter prego nem estopa…


       Era pelo sangue de Cristo que a redenção humana se operava. O derramamento de sangue – o sangue onde se guarda a descendência, a linhagem – era superior em importância espiritual à crucificação, e mais ainda à ressurreição. Ora tudo isto poderia abalar a fé cristã. Morte e ressurreição seriam secundárias – era essa, seria essa, a mensagem secreta, codificada. O sangue era o elemento capital. Bastava o derramamento de sangue pelos sofrimentos do Calvário para que a mensagem de Cristo mantivesse todo o seu poder e valimento. Era absolutamente irrelevante o facto de Jesus ter morrido na cruz ou não.


       Sim, o sangue de Cristo, o Santo Graal…
O cisma Lefebvre dos anos 70, por exemplo levou – ou pode ter levado - a marca do Priorado.
Monsenhor Marcel Lefebvre, em tempos militante da Action Française, a extrema direita política dos tempos de entre-guerras, afrontou o poder vaticano e a figura do papa Paulo VI. Em 1976, ou 77, Paulo VI pretende para Monsenhor Lefebvre a pena de excomunhão. Mas Lefebvre mantém-se indiferente.
Contradição: Lefebvre era um católico puro e duro e tradicionalista, um fundamentalista da missa tridentina, inimigo jurado das reformas eclesiásticas e das modernizações; como associá-lo aos merovíngios do Priorado, eminentes senhores da heresia contra Roma? Seria Lefebvre um maçon hermético, aristocrático e um dos que se consideravam mais católicos do que o próprio papa?
A verdade que ficou para a História é que Paulo VI recuou nas suas intenções de excomunhão. 


Dava a ideia de que Lefebvre era conhecedor de algum segredo que poderia abalar gravemente não só a instituição vaticana e católica como o mundo inteiro.
Mas foi Pierre Plantard de Saint Clair quem se reclamou, nos anos 70, como descendente directo de Dagoberto II, o último rei merovíngio efectivo – talvez fosse ele o rei perdido, sei lá – é pelo menos  que dizem as genealogias um tempo secretas e depois divulgadas – e pelo que se diz falsas…
Pierre Plantard de Sant Clair foi preso pela Gestapo durante a ocupação alemã. Dizem que também foi torturado. Durante meses. Ao cabo de meses ou fugiu ou foi libertado, não sei, não me lembro de ter lido. É visto como um apóstolo da paz e da liberdade, um humanista. Será verdade? Terá sido ele um dos conselheiros sombra dos grandes deste mundo? Enfim…
Quem poderá garantir a verdade das coisas, mesmo quando elas vêm escritas em livros – ou até por isso mesmo?
Em 47, Plantard foi viver para a Suiça, para as margens do Lago Lehman, a convite do próprio governo helvético. É um bom sítio para conversar com alguns grandes da decisão económica e financeira mundial, isso é.
Preso então o Senhor Plantard pela Gestapo. Porquê? Por militar na resistência e por publicar durante a ocupação um jornal clandestino.

                              

Mas o Senhor Plantard tinha amigos. Nomes? Um certo Charles de Gaulle… um tal André Malraux. Esse De Gaulle chega a aconselhar-se com ele quando do levantamento da Argélia e quando quis regressar ao poder. E Plantard esteve com Malraux nos comités de segurança pública. Pelo menos ele fez constar isso…


E De Gaulle regressa à presidência e apressa-se a escrever a Plantard uma carta de agradecimento. Em Julho de 1958.
No final dos anos 70, Pierre Plantard de Saint Clair deixou-se entrevistar pelos autores do livro que tenho seguido e que em Portugal foi um dos derivados da fama do Código da Vinci – mas que na realidade lhe foi muitíssimo anterior e percursor -  O Sangue de Cristo e  Santo Graal, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln.
Plantard deixou-se entrevistar mas excusou-se a fornecer informações sobre os objectivos do Priorado. Declarou que o Priorado não pretendia publicidade, mas estava na posse do tesouro do Templo de Jerusalem. Nem menos. E que estaria disposto a devolvê-lo a Israel quando fosse oportuno. Mas sublinhou bem que não eram os valores materiais de tal tesouro o que mais importava. Era o espírito que importava. E o espírito do tesouro residia num segredo.
Lá caímos nós no segredo.


E tudo isto parece coisa de garotos, é verdade. Mas na volta não é. Ou é? Sei lá bem…
Esse tesouro-segredo poderia provocar uma reviravolta social que não era brincadeira nenhuma – eu diria que é mesmo disso que estamos a precisar – a menos que ela já esteja a acontecer...
Que haveria uma mudança nas instituições francesas (disse ele), e isso era fora de dúvida. A restauração da monarquia, voilá.
Ora amigos… Bourbons, Habsburgos, Hohenzollerns, Romanovs, quantas famílias de alta linhagem, quantas dinastias não aspiram ainda hoje a tronos por essa Europa. Mas porque carga de água os merovíngios deveriam levar a palma aos outros todos?
Será tudo isto uma intriga internacional de aristocratas lunáticos e inconformados?(Conheci um ou dois.)
Será isto uma fraude?
Serão estes homens mesmo visionários? Ou mesmo uma seita de tótós?
Ou serão eles uns pândegos que se têm divertido à grande e, com toda a propriedade, à francesa, com a treta do Segredo e com a credulidade dos incautos?
Segundo os investigadores de cujo trabalho me sirvo, Plantard falou com eles com a segurança de quem tinha certezas.
Mas que sentido faria restaurar a monarquia merovíngia 1300 anos depois de ela ter sido derrubada? Um governo merovíngio adaptado aos tempos, com novos conceitos de Estado e com processos  modernos (ou antiquíssimos) de governação? Quais?
Então, se tudo é tanga… porque diabo tantas individualidades importantes e muito longe de serem patetas ignorantes e excêntricos lhe foram fieis?


Mas será que foram mesmo? Leio e releio sobre Jean Cocteau, por exemplo, e não apanho a mínima linha sobre a sua qualidade de grão mestre fosse do que fosse…
O sangue merovíngio? Que há de especial no sangue merovíngio?
Bem, pelos anos 70 dava a ideia de que o Priorado se preparava para intervir politicamente em larga escala e em ordem a uma mudança dramática no governo francês, mudança que deixaria a via livre para a implantação da monarquia merovíngia. Essa mudança na política francesa prometia uma governação formada em valores, mais valores, e valores da ordem do espírito, valores, dir-se-ia, pré-cristãos. Onde poderiam entrar De Gaulle e Malraux no ideal restauracionista dos merovíngios é o que restará saber…
Que se pergunte: como será o mundo, ou o que acontecerá, quando um merovíngio lograr obter o trono de França?
      Uma época houve, e não muito distante na História, em que alguém definiu esse poder merovíngio como uma monarquia popular que estabeleceria alianças com a Rússia então soviética.
Triunfaria finalmente a maçonaria – se não triunfou já ao tempo.
A liberdade religiosa poderia estar comprometida.
Não se percebe nada disto. Mas deve ser mesmo assim.
Caímos na esfera da ficção? Mas o real quantas vezes não nos parece ficção. A estranha morte de João Paulo I –sucessor de João XXIII, não esqueçamos - e a eleição dos dois subsequentes papas terá reflectido alguma realidade desta ordem?
E o protagonista do Código Da Vinci levanta-se assarapantado da sua cama do Ritz a meio de uma noite parisiense. Tudo não passara de um sonho. E, em registo de realidade presente, desata a correr feito doido por Paris seguindo a Linha da Rosa.
Vai dar ao subsolo do Louvre. Pirâmide invertida. O Cálice, a Lâmina. O esplendor simbólico. A harmonia masculino/feminino, o itinerário da Rosa, Shekinah, alegoria de Jesus, metáfora de Maria Madalena.


Quem mandou construir esta pirâmide? Foi certamente um dos do Segredo. Quem foi?


Foi o presidente François Mitterand, a quem o autor do Código da Vinci chama de personificação da Esfinge, um homem dos círculos secretos do poder que legara a Paris um código milenar, uma mensagem que compreendia o proibido, o indizível.

              

        É a vida que imita a arte, já se disse e redisse; ou caberá à ficção ajeitar-se conforme puder à realidade que para sempre a ultrapassa.














1 comentário:

  1. Eu tenho andado por aqui, atenta e caladinha, cheia de dúvidas e presságios! Com este calor e fogos, nós no rabo da Europa... é lixado ainda termos de pensar numa "outra conspiração". Além desta, evidentemente, em que vivemos. Abraço

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