IL GRAN VEGLIARDO
Para os fins de 1888, um jornal de
Milão, com a secreta influência do editor Giulio Ricordi, pretendeu promover
grandes homenagens a Verdi por ocasião do cinquentenário da estreia da sua
primeira ópera, Oberto, Conte di San
Bonifaccio. Mas Verdi protestou a Ricordi o seu total desacordo.
Entre as tantas coisas inúteis que se fazem
nesta vida esta é a mais inútil de todas. E eu, como sabe, detesto a
inutilidade. Porque não propõe você um jubileu cinquenta dias depois da minha
morte? Já se sabe que bastam três dias para cobrir de esquecimento os homens e
as coisas. Lembre-se, meu caro Ricordi, do que dizia o grande poeta… “Céus!
Morto há dois meses e ainda não esquecido?” Pois no meu caso, com respeito ao
esquecimento, confio nos três dias…
Confiança defraudada. Em Fevereiro de
1893 o Falstaff acaba de estrear com
grande estrondo nacional. Vinham longe ainda os dias do esquecimento – vêm
longe ainda, hoje, 2013, os dias do esquecimento…
Boito sabia das intenções antigas de
Verdi: uma ópera cómica, quiçá tomando como partida uma outra personagem
shakespeariana, Falstaff, o safado bonacheirão gozado pelos companheiros de
estúrdia e depois humilhado pelo que fora o seu melhor amigo, Henry, entretanto
elevado ao trono de Inglaterra, o quarto desse nome.
E uma coisa a reter (entre tantas
coisas interessantes que haveria a dizer), a questão prosaica, de novo, os
direitos do libreto agora referentes ao Falstaff,
as verdianas qualidades de nobreza de carácter e rigor de critério, de novo;
uma proposta: terminado o seu trabalho na
elaboração do libreto, Você, Boito, vender-me-ia os direitos por uma soma a
combinar. E se por acaso, ou por muita idade, ou por muitos achaques, ou por
qualquer outro motivo, eu não pudesse acabar o trabalho de composição,Você
recuperaria o seu libreto de Falstaff,
que eu lhe ofereceria como lembrança e de que Você faria o uso que muito bem
entendesse.
As homenagens sucedem-se. Verdi
incomoda-se com o interesse, a seu ver excessivo, que as pessoas lhe
manifestam. Não pela sua obra. Pela sua pessoa. Fica com a sensação de que o
Falstaff não fora bem compreendido pelo público. E aborrecem-no com perguntas.
“Então, mestre, qual será a próxima ópera? Certamente o mestre já terá a
composição bem adiantada. Será finalmente o Rei Lear?”.
Apetece falar mais da intrínseca
humanidade de Verdi do que do herói da cena lírica, do que da grande
personalidade musical. E quem diz a humanidade de Verdi diz a fragilidade, os
medos, as dúvidas, as incomodidades, e, oh, as incertezas certíssimas da
velhice. Ou as debilidades físicas e a agudeza mental daquele que foi o
indiscutível campeão da música italiana do seculo XIX, exaltado não
wagnerianamente como um deus, mas exaltado precisamente como um alto expoente de homem.
Punha a si mesmo alguma perguntas
ingratas. Nunca levara muito a sério a esplêndida ilusão a que é costume chamar
de glória artística. Considerava-a uma banalíssima questão de vaidade.
Mas então, porque trabalhara tanto e
tão denodadamente toda a sua longa vida?
A sorte, depois dos começos
problemáticos, artísticos e pessoais, acabara por bafejá-lo, trouxera-lhe
dinheiro, fama, honrarias. Para que serviria tudo isso quando era chegado o
tempo da velhice, do fim, das tristezas do declínio?
Não tem herdeiros directos. Sempre se
compadecera daqueles a quem a sorte não sorrira como lhe sorrira a ele e que
caíram numa velhice desamparada e solitária. Gostaria de lhes aliviar as penas
da vida, porque, com o fim à vista, sentia-se muito mais como simples e frágil ser
humano do que como grande artista.
Compra um terreno em Milão, perto da
Porta Magenta. Chama a si o arquitecto Camillo Boito, irmão de Arrigo, e dá-lhe
conta do seu projecto. Não quereria deixar de prestar o auxílio possível a
tantos dos que, companheiros de arte de toda a vida, cantores, músicos,
coristas, o ajudaram a conquistar fama e proventos. Ideia simples e grandiosa:
fazer construir uma casa de repouso para para artistas na cidade que dera fama e
fortuna a tantos compositores, instrumentistas e cantores e onde ele próprio e
o seu génio haviam levantado voo até as mais gloriosas alturas.
Este é o Verdi do último tempo, do
tempo da decadência física, das maleitas, das nostalgias, das banalidades próprias
da velhice – a dele como a de quase todos nós – e também de uma hiper-lúcida
indiferença perante elogios e homenagens. Um homem que, por meio da sua música,
tinha por vezes tocado as esferas mais rarefeitas da alma humana, mas sempre –
e em flagrante contradição com o seu émulo Wagner - com a atitude de um grande
artesão, um prático, um profissional que realiza paciente e competentemente o
seu trabalho e que chega ao fim da jornada sem desmedidas vaidades nem
presunções de transcendência, ciente de que o seu trabalho foi feito, foi
reconhecido, foi apreciado, e de que a sua missão na terra foi satisfatoriamente
cumprida.
A vocação dele era a que era. O
destino dele foi o que foi. Cumpriu-se tudo. Nada de mais. Não poderia ter sido
de outra maneira.
E pronto, amigos, chega a hora da
doença e da decadência. Que se pague nobre e altivamente o tributo de humanidade
e de transitório que a posteridade pode conter, que a memória pode conter, e em
algumas pequenas e humaníssimas coisas e pessoas, ressentimentos, gratidões, frustrações,
relíquias, afectos, aquilo, enfim, que faz a vida de toda a gente, por notável
que tenha sido a sua grandeza.
Poderia até dizer en passant que esta bruta prosa é dedicada aos simples como eu, aos menos musicalmente aristocratas para quem
Verdi foi a primeira paixão musical.
Também ainda hoje não sei medir como
deve ser a importância que o sentimento e o ambiente dramático da música de
Verdi tiveram na minha vida pessoal. Nem sou capaz de calcular o quanto Verdi e
a música dele me acompanharam em cada passo da minha vida tão real - e sempre
mais estúpida sem a companhia dele/dela - em cada amargura, desilusão, ternura;
nem sei o quanto ele me ajudou a perspectivar tantos passos do meu próprio
quotidiano, em sentimento, em humanidade, em nobreza…
A decadência física de Verdi por
aqueles anos finais parece que faz prever tempos também de decadência para o
melodrama italiano.
Acabado de estrear o Falstaff, Verdi, como todos os velhos,
não vê com optimismo o tempo que lhe vai ser posterior. Não vê com optimismo a
vida musical e teatral do seu país. Nada seria seguro doravante. Só o Scala
ainda seria governável, mesmo que não se pudesse dizer que de um dia para o
outro não fechasse as portas – como de facto fechou, pouco tempo depois, e por
um ano inteiro.
E também calha que no ano seguinte ao
da estreia do Falstaff o Scala é dado
de concessão à empresa do editor Sonzogno. O que significaria, evidentemente,
que todas as óperas editadas pela Ricordi seriam banidas do cartaz, incluindo
as de Verdi. O que significaria que o Scala de Milão iria passar alguns anos da
sua vida sem levar um Verdi à cena, algo que, ainda hoje, é custoso de
conceber.
Mais ou menos por essa época, Verdi
pede superior autorização para fazer construir duas sepulturas particulares na
capela de sua casa em Sant’Agata. E é autorizado. E nunca as chegará a
construir.
Ouvindo-lhe a música, pode
conjecturar-se que Verdi fora desde sempre um homem afectado por lôbregos
pensamentos de morte – ouvindo-lhe a música e sabendo-lhe, já se vê, dos
inícios de vida. Desde novo, Verdi muito na morte deve ter meditado, com as
mortes familiares em catadupa, irmã, filhos e mulher, e em muito breve espaço
de tempo. A música de Verdi é a música de um homem que cedo aprendeu a conviver com a morte e
nela profundamente pensou. E só quem pensou profunda e prolongadamente a morte a
pode encarar com a naturalidade que lhe permita extrair a estética e conceber a música.
No tempo seguinte ao Falstaff - o último dos seus tempos -
Verdi está muito preocupado com a companheira, Giuseppina. Dizia aos amigos que
ela não estava propriamente mal, só não comia, só emagrecia a olhos vistos. E
em 1896 Giuseppina adoece mesmo.
Mas nos primeiros dias de Janeiro de
1897 é Giuseppina quem entra no quarto do marido e dá com ele na cama,
acordado, mas imóvel, de olhos arregalados.
Perdeu a fala. Alarme.
Por sinais, diz que quer escrever.
Dão-lhe um pedaço de papel e ele garatuja uma palavra: café.
Servem-lhe café. Bebe abundantemente.
E recupera.
Não é a primeira vez que o encontram
desfalecido na cama, mas esse facto foi sempre abafado. Verdi não admitia a
mínima publicidade aos seus assuntos privados.
O projecto caríssimo à alma de Verdi
e que lhe aviventa a velhice é a que em princípio se chamava Casa de Repouso
Para Velhos Artistas. Em princípio, porque ele recusa a designação. Os artistas
em questão não devem sentir demasiado a desventura de serem velhos e inactivos.
Os artistas a receber na casa não serão velhos nem novos. Serão hóspedes de
Verdi. E a casa chamar-se-á tão somente Casa de Repouso.
Verdi embrenha-se na construção e até
alguns palpites arquitectónicos a Camillo Boito.
Em Outubro de 1897, Verdi declara que
apesar dos mil achaques que o afligem não se sente muito doente. Acha-se um
bocadinho fraco, só. E já não pode passar muito tempo a ler. E o ouvido começa
a ficar-lhe um pouco duro.
Na primavera desse ano de 97
Giuseppina piora. Sofrera uma operação ao estômago e Verdi sentia-se muito
triste porque Giuseppina nunca recuperara como devia ser da operação e perdera
toda a confiança.
No verão vão a Montecatini.
Giuseppina caminha, curvada, apoiada
no braço do marido, alto e direito, ainda, nos seus 84 anos; lúcido de memórias
e de ideias, ainda.
E a Giuseppina sobrevém uma forte bronquite.
Tosse convulsivamente. Sente-se debilitada.
Em Novembro Giuseppina vai à cama com
febre. Diagnóstico: pneumonia.
Na tarde de 14 desse Novembro de
1897, Giuseppina Strepponi, a companheira de toda a vida de Verdi, morre.
Giuseppina jaz na mesma cama e no mesmo
quarto onde, em tantos anos, ouvira o companheiro trabalhar até às tantas da
noite no gabinete contíguo, interrompendo-lhe muitas vezes o sono, chamando-a
para o pé dele, tocando para ela o que acabara de compor, ouve lá isto, vê se
gostas, mas ouve com atenção…
Pode ter-se lembrado das palavras da
grande amiga Clara Maffei pr ocasião da morte de um amigo comum: é doloroso o desaparecimento daqueles com
quem se trocaram pensamentos, com quem se acalentaram esperanças comuns,
trabalhos, vida. É muita a solidão que sentimos em volta de nós.
Sim, Verdi está só. Só e desfeito.
Crises de choro, muitas, ao deambular pela casa deserta de Sant’Agata. Padece
ainda de mil maleitas, come pouco, dorme pouco, mas está menos mal de saúde. Dá
grandes passeios de carruagem e tem quase sempre convivas para jantar. O dia em
que a Casa de Repouso estiver pronta será o dia mais feliz da vida dele.
Em Novembro de 1899 Verdi assina o
acto da fundação da Casa e respectivos estatutos. No útimo dia desse ano – e
desse século – um decreto régio estabelece a Casa de Repouso como entidade
moral e de beneficência.
Arrigo Boito escreve a um amigo: o acto da minha vida de que verdadeiramente
me orgulho é a servidão voluntária que dediquei ao homem justo e nobre e
realmente grande entre todos os homens.
Sem Giuseppina a seu lado, e como
seria previsível, a vida de Verdi perde muito sentido. Sente-se cada dia mais
só. Fica muitas vezes acordado noite dentro. Às vezes abre o piano…
Em Sant'Agata, Verdi recorda com crescente nitidez a
sua juventude. Chora os filhos perdidos. Outros envelhecem como ele mas têm o
consolo dos filhos. E ele está só. E na solidão costuma abrir um precioso cofre
com as relíquias familiares mais antigas e mais queridas, os anéis de noivado que
trocou com Margherita, uma mecha dos loiros cabelos dela, uma mecha dos cabelos
brancos do sogro Antonio Barezzi, mais do que um pai para ele – ricordi della mia povera famiglia…
O novo século vai entrar de rompante.
Nos primeiros meses de 1900 é pedida
autorização a Verdi para dar o seu nome ao Conservatório de Milão como devida
homenagem ao grande músico – que nunca lá foi aluno. Verdi responde com
firmeza. Não pode aceitar. Diz aos amigos:
não me quiseram em novo… não me hão-de ter em velho…
Mas o Conservatório acabará por ficar
com o nome dele.
Ai
amigos… aos oitenta e sete anos estou como Deus quer…
As pernas já não o levam a lado
nenhum. Duas vezes por dia vem um massagista. Mas ele sabe que aquelas
massagens de pouco ou nada servem.
1901.
Todos, incluindo os
médicos, dizem que não estou doente, que não estou nada doente… mas a verdade é
que tudo me dá uma tremenda canseira. Já não leio. Já não escrevo. Vejo pouco.
Ouço mal. Sim, mas o pior ainda são as pernas. Já não me obedecem. E tenho muito
medo do frio. Enfim, senhores, deixei de viver. Vegeto. Que diabo ando eu a
fazer neste mundo?
No dia 21 de Janeiro, Verdi está
instalado na sua suite de hotel em Génova.
Um dia, ao vestir-se, cai de costas.
Um ataque. E hemiplegia – o lado direito do corpo não responde.
Debaixo das janelas do hotel de
Génova junta-se multidão. Todos querem saber novas do ilustre doente. A notícia da crise de hemiplegia
correu por toda a Itália. Há altas personalidades a quererem visitá-lo.
Na rua do hotel chega-se ao ponto de
colocar palha no pavimento para que o ruído da circulação das carruagens não
incomode o doente.
A 24 de Janeiro, Verdi recebe a
extrema unção.
E melhora.
O padre volta no dia 26. É o mesmo
padre que assistiu aos últmos momentos de Alessandro Manzoni. E recordará mais
tarde os últimos alentos de Verdi: o
olhar dele era profundamente expressivo. Não podia falar. Eram os olhos que
falavam. Foi o aperto da mão dele que falou. Tive dele um último olhar às 2,50
do dia 27 de Janeiro de 1901.
Chegou a pôr-se a questão: será que
Verdi fora alguma vez verdadeiramente um crente? E respondeu-se que Verdi
acreditava em Deus, sim, e na fé cristã, sim, mas… quanto à religião católica
propriamente dita, era de ficar na dúvida…
Afirmaram alguns que entre 1886 e
1890 (já bem envelhecido, portanto), ao criar as suas Quattro Pezzi Sacri,
chegara a frequentar em Génova a loja maçónica da Via Davide Chiossone.
Também se disse que ao ler uma
História dos papas não morreu de admiração pela maior parte deles. Pode
compreender-se: sempre movido por sentimentos patrióticos, pretenderia Verdi
salientar o quanto o papismo fora nocivo à nação italiana – um tema, de resto,
já com ressaibos maçónicos, e já que a maçonaria apregoava isso mesmo, que o
Vaticano era o pior inimigo de Itália.
E no entanto era amigo de padres. E
no entanto, Verdi, já velho, quando estava em Génova, entrava algumas vezes na
Igreja da Anunciada e aí meditava por momentos. Os mais próximos diziam que o
sentimento religioso lhe fora instilado por Giuseppina.
Lembrei-me agora do filme de Bernardo
Bertolucci que deu brado em Portugal pouco depois do 25 de Abril. 1900 (Novecento). Na sequência de abertura
via-se, primeiro, uma festa campestre e
logo a seguir o plano abria num panorâmica muito larga sobre a planície. Lá
muito ao fundo enxergava-se uma pequena figura que corria. Corria, corria,
corria na direcção da objectiva. (Estou a escrever de memória.) E alternavam-se
os planos de festa de aldeia com o plano distante da figurinha que no meio dos
trigais se ia aproximando. Até que a figura, realmente muito pequena, chega ao
terreiro da festa, ofegante, a soluçar. É um anão corcunda, mascarado de
Rigoletto. O anão manda calar a festa, a música pára, os presentes suspendem as
danças e o corcunda desata a gritar, em pranto: È morto Giuseppe Verdi! É morto Giuseppe Verdi!
Com essa sequência quereria
Bertolucci dizer que o século XIX italiano terminava, em termos sentimentais,
em termos morais, digamos, com o desparecimento de uma figura maior, muito
popular e muito querida da vida italiana.
A morte de Verdi marcaria, para os
italianos, a saída de um tempo e a entrada noutro, a charneira entre um mundo a
desaparecer e já saudoso e as incógnitas de um próximo e incerto século, um
próximo e incerto mundo.
Verdi crente. Verdi ateu. De qualquer
das maneiras, é a de um livre pensador e
de um homem visceralmente moral e íntegro a silhueta que dele ficava. Era a
rectidão, o espírito de justiça e a inquebrantável vontade de acudir aos seus
semelhantes que dele ficava, no apoio a tantas obras caridosas, e sabendo-se
que antes de toda a fé e de toda a prática, para ele a religião era um
princípio de ordem moral no mundo.
O Scala de Milão fecha as portas em
luto pelo mestre.
O povo reclama o direito de ver pela
última vez aquele a que chamavam il gran
vegliardo – o grande velho.
Que
os meus funerais sejam modestíssimos e se realizem ao despontar do dia, ou à
hora das ave-marias, sem cânticos nem qualquer espécie de música. Bastarão dois
padres, dois candelabros e uma cruz.
Às 6,30 da manhã do dia 30 de Janeiro
– por acaso, segundo as crónicas, uma manhã enevoada – sai o carro fúnebre. No
cemitério não há discursos. O caixão é rapidamente descido e às 8,30 a terra
cobre os restos mortais de Verdi.
O Senado e a Câmara dos Deputados de
Itália aprovam um decreto: os restos de Giuseppe e Giuseppina Verdi serão
trasladados do Cemitério Monumental de Milão para a cripta da Casa de Repouso,
e a casa onde Verdi nasceu, em Roncole,
é declarada monumento nacional.
No dia 1 de Fevereiro, o Scala abre
portas para um acto solene de homenagem.
Cantam Tamagno, Caruso, Borgatti, a
Carelli e o Magini-Coletti. Toscanini dirige a orquestra.
A 27 de Fevereiro, uma multidão
estimada em 300.000 pessoas de todos os extractos sociais, incluindo um
príncipe real, acompanha a última viagem de Verdi, do Cemitério Monumental de
Milão para a Casa de Repouso. A certo ponto do percurso, sobre uma enorme escadaria,
800 músicos e cantores executam o célebre coro Va pensiero sull’alli dorate…
Deixo aos asilos centrais de Génova a quantia de 200.000 liras. Deixo o
albergue dos surdo-mudos de Génova a quantia de 10.000 liras.
Deixo ao hospital
dos raquíticos de Génova a quantia de 10.000 liras.
Deixo a Guerrino
Balestrieri, que há muitos anos está ao meu serviço, a quantia de 10.000 liras.
Deixo aos empregados domésticos que estão a meu serviço há mais de dez anos a
quantia de 4.000 liras a cada um, e aos outros a quantia de 1.000 liras a cada
um.
Deixo…
Bravo.
ResponderEliminarEm bom rigor, o Século XX começou apenas às zero horas do dia 1 de Janeiro de 1901. Por isso, ainda podemos quase todos dizer que nascemos no Século em que Verdi viveu pouco mais do que três semanas e cinco dias...
Comovi-me, até às lágrimas, com a sua belíssima evocação... O Joel continua a ser, para mim, aquele "farol" resistente no meio da escuridão.
ResponderEliminarSão de facto muito estimulantes as passagens aqui pelo seu blog... Obrigado.
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