SCARFACE
Entre os gangsters de
cinema houve verdadeiros gangsters,
para além dos actores que o eram no écran. O mais flagrante exemplo foi,
repito, George Raft, um antigo dançarino protegido da Mafia, o melhor amigo do
mafioso inventor de Las Vegas, Bugsie Siegel. Mafioso embora, Raft, para as
suas composições de personagens de cinema, quase sempre criminosos,
inspirava-se num gangster
novaiorquino preciso, real, Joey Adonis, do grupo de Lucky Luciano, um mafioso
elegante e pouco falador, bons fatos de seda, camisas pretas e gravata branca.
Em 1931 sai um primeiro filme de êxito
sobre gangsters. The Little Cesar.
Não era o primeiro filme em absoluto sobre gangsters, está bem, foi o primeiro a
obter grande sucesso de bilheteira, isso foi, e foi o primeiro noutra coisa: o
desenrolar da história era pela primeira vez acompanhado do ponto de vista do gangster. Com Edward. G. Robinson. Que
todos de imediato pensaram ter-se inspirado em Capone, embora a sua
representação sacudida nada evocasse o suposto modelo real.
Para o respectivo argumentista, The
Little Cesar era um Macbeth do sub-mundo que certificava o quanto uma
pessoa podia ascender ao poder ou ao dinheiro usando meios de risco. Foi um
sucesso que obrigou os exibidores a programarem 9 sessões diárias.
Howard Hughes, o milionário, compra os direitos de um romance
chamado Scarface, publicado em 1930. Filmes de gangsters era o que estava a dar naquela América dos final dos
anos 20, tal era o fascínio que eles e a vida deles exercia sobre o público.
Aquilo é que era vida de luxo, aquilo era liberdade, aquilo era
empreendedorismo, aquilo era
liberalismo, aquilo era dinamismo económico, aquilo era iniciativa
privada, em suma.
O realizador Howard Hawks pode ganhar 25.000 dólares se realizar
o filme extraído do romance Scarface – de resto, Hawks conhecera em
Chicago diversos gangsters, e até o
verdadeiro Al Capone, se calhar. Estava portanto dentro do assunto.
De que é que o realizador Howard Hawks se lembrou então? De
assemelhar Al Capone com Cesar Borgia, o condottiere renascentista, o
impiedoso assassino filho de um papa. E porquê? O porquê tem como base outra
pergunta: e se Capone tivesse relações incestuosas com a irmã, tal como Cesar
Borgia as teria tido com a irmã Lucrécia?
Ben Hecht. Escritor e argumentista, era então chamado de
Shakespeare do cinema. É ele o escolhido para escrever o guião do filme. Mas ainda
a ideia não tinha chegado à cabeça do milionário Howard Hughes já Al Capone
sabia que Hollywood estava a planear fazer um filme sobre a sua pessoa.
Batem à porta do hotel onde está o argumentista Ben Hecht. Dois
tipos com ar de mauzões. Um deles traz uma cópia da sinopse que Hecht já tinha
escrito e Hecht não faz ideia de como aquilo lhes fora parar às mãos.
- Foste tu que
escreveste isto?
Hecht admite que sim, que foi ele que escreveu aquilo.
- Estivemos a ler isto.
- Ah sim? Muito bem. E o que é que acharam?
- Tu falas aqui do Al.
- Do Al?
- Sim, pá, de Capone!
- Bem - tartamudeou Hecht - não exactamente, fala-se de gansters, sim, em todo o caso… olhem,
amigos, fala-se do Dion O’Bannion, por exemplo…
- Está bem, então vamos dizer-lhe que
o que tu escreveste não é com ele, é com outros gajos.
E os mauzões fazem menção de se irem embora. Mas quando chegam à porta, voltam para trás.
- Mas então, ouve lá uma coisa, se
isto não trata de Capone, porque é que tu lhe dás o título de Scarface? É que assim... tás a ver... toda a gente vai pensar que se trata mesmo dele…
Ben Hecht sente-se entalado. Bom, a história não era centrada em Capone,
mas por uma questão comercial era preciso fazer crer ao público que se tratava
de uma história acerca dele. Fazia parte dos truques do show-business.
- Então está bem, vamos
dizer isso ao Al. Mas olha lá, quem é esse Hughes?
- Ah, esse é o papalvo que entra com
o dinheiro para o filme, mais nada.
- Ok, a gente está-se nas tintas para
esse…
Não vou contar a história do filme – que aliás nunca vi -, mas
há momentos que tenho que esclarecer e que são importantes para a minha própria
história de hoje.
Capone ficava a chamar-se Camonte e a estrela contratada para o
protagonista era o então famoso actor Paul Muni. Ben Hecht já em tempos se
encontarra com Al Capone em pessoa. Por isso dizia que Paul Muni não era a
escolha acertada. Fazia pensar mais em Hitler do que num gangster de Chicago que na vida real fosse mais propriamente um
homem volúvel do que um homem sinistro. Mas talvez, digo eu, talvez fosse mesmo
essa a ideia de Howard Hawks e de Muni. Estavamos em 1930, 1931. Muni era judeu
austríaco. Os mais esclarecidos já viam Hitler como uma ameaça antes mesmo de
ele conquistar o poder.
E quem é que vai interpretar o papel do principal, à época,
homem de mão de Capone, que na vida real dava pelo nome de Frank Rio: é George
Raft, o actor protegido pela Mafia de Nova York nem menos. Raft havia sido
apresentado a Capone justamente em Nova York, no célebre restaurante
Delmonico’s, e era tu-cá-tu-lá com Lucky Luciano, Bugsy Siegel, Meyer Lansky,
enfim com a nata das figuras de proa do crime.
George Raft – a exemplo, mais tarde, de Sinatra – admitiu certo
dia que quando era novo teria gostado mais de ser gangster do que de ser actor. E quando se tornou conhecido muitos
lhe faziam perguntas a respeito dos durões que ele frequentava, e ele respondia
que eram as pessoas mais formidáveis do mundo.
- Esses tipos, Costello, Madden,
Bugsy Siegel, Luciano, eram deuses para mim. Andavam de Cadillac. Para qualquer parte onde fossem apareciam sempre políticos ou altos
comandos da polícia a prestar-lhes vassalagem. E eu então disse para comigo que
o que aqueles homens faziam também não podia ser assim tão mau como constava. E
eu gostava de me parecer com eles, de ser como eles.
George Raft, acho que já o disse atrás, para a composição do papel toma como modelo Joe
Adonis, gangster real de uma família
de Nova York de quem era amigo. Copia-lhe a maneira de mover as mãos, a maneira
de falar, a inclinação do queixo. Foi uma impersonation perfeita. O
próprio gangster ficou maravilhado. E
tão maravilhado ficou que muitos anos mais tarde, em 1951, procurou George Raft
para que ele lhe desse algumas lições de representação.
Mas, perguntarão, V. Exas., para que precisa um gangster de saber representar. Bem, logo
à partida, digo eu, todos precisamos para a vida, a cada momento, e eu conheço, por exemplo, gestores
de empresa que em representação nada ficam a dever ao maior actor que se possa
arranjar. Já para nada dizer quanto a talentos histriónicos de presidentes da
república, primeiros ministros e dirigentes partidários – e porque não,
dirigentes sindicais…
Mas Joe Adonis tinha outro objectivo.
Joe Adonis estava intimado para responder perante uma comissão
que investigava o crime organizado e sabia que o seu depoimento seria
transmitido em directo pela televisão. E pronto, as coisas são mesmo assim, Joe
Adonis estava no seu direito, queria ir bem preparado sob todos os pontos de
vista, queria estar dramaticamente à altura.
Nos anos 50, como já anteriormente referi, George Raft mostrou
que, gangster ou não que tenha sido,
era um actor cheio de sentido de humor quando aceitou ironizar consigo mesmo no
já por mim várias vezes citado filme Quanto Mais Quente Melhor, fazendo
enfim o papel de chefe de gangsters,
realizando no cinema o que gostaria de ter sido na vida real e não fora.
Voltando ao projecto de filme dos Howards, Hughes e Hawks, a
censura avisou-os: proibiriam pura e simplesmente o filme se eles tivessem a
infeliz ideia de o produzir. Todo o público americano e todas as diversas
comissões de censura conscienciosas detestavam mafiosos e desordeiros. O cinema
não devia em circunstância alguma fazer alusão ao gangsterismo.
Hughes, o multimilionário financiador do filme não era homem que
se temesse e escreve ao seu realizador, Hawks: estou-me a borrifar para a
censura e para o código Hays. Começa lá as filmagens e faz-me um filme o mais
realista, apaixonante e perturbador que puderes.
Certo dia, um homem que disse chamar-se George White
apresenta-se no plateau onde decorrem as filmagens. Pede para assistir à
rodagem. Hawks telegrafa imediatamente a um amigo de Chicago e pede-lhe
informações sobre aquele George White.
George White, claro, não era George White. Quando muito seria
Puggy White, de nome verdadeiro Withney Krokower, homem do gang de Capone e cunhado de outro bandido de marca, Bugsy Siegel.
Na manhã seguinte, White volta ao estúdio e Howard Hawks vai ter
com ele. Hawks encara com o tal White e diz-lhe saber quem ele é, um proxeneta
e um homem que à conta dele já mandou desta para melhor uma dúzia de
indivíduos. White aceita o estatuto de assassino, mas recusa calorosamente o de
proxeneta. Na verdade, está ali para dar alguns conselhos ao realizador na
feitura de certas cenas, enfim, só para as tornar mais parecidas com a
realidade. E dá logo uma ideia: os gangsters
vão a um hospital visitar um dos do gang
rival e levam-lhe grandes braçados de flores e desses enormes braçados de
flores irão sair as metralhadoras que vão disparar sobre o doente. Aquilo sim,
era uma coisa real que bem podia aparecer no filme. E dito por quem conhecia do
ofício.
Outro pormenor do ofício: um dos do gang de Capone tinha o hábito de, ao assassinar alguém, deixar na
mão do morto, em sinal de desprezo, uma insignificante moedinha de um cêntimo.
Howard Hawks ouviu isto e pediu a George Raft que andasse sempre com pequenas
moedas no bolso e que as distribuísse prodigamente a cada cena de tiros.
Historiadores do cinema afirmam que o próprio Al Capone teria
estado em Hollywood incógnito a observar o andamento das filmagens. Hawks foi
ao ponto de confessar que o tinha convidado para ver os rushes, ou seja,
os planos já filmados, mas não chega a dizer se Capone em pessoa lá esteve.
Quem lá esteve da parte de Capone, na fase de montagem, foram
outros gangsters. Estavam da parte do
patrão para ver ao certo como aquilo tinha sido feito.
Conta-se que no dia da estreia do filme, Capone organizou um cocktail
em honra de Howard Hawks. Howard Hawks teria ficado encantado com a
gentileza e a boa educação daqueles bandidos. Como também se conta que o ponto
culminante dessa noite do cocktail foi a chegada do próprio Capone em
pessoa.
Vinha com um elegantíssimo fato de riscado e à guisa de recordação do
ramo de actividade em que trabalhava ofereceu ao realizador Howard Hawks uma
pequena metralhadora.Mas também alguns opinam que esse cocktail nunca se realizou, até porque, pelo menos no dia da
estreia em Chicago, Capone já estaria preso.
O filme saíu. Todavia com uma advertência prévia para o público,
já que era conveniente explicar a razão de toda aquela violência.
Este
filme é uma denúncia da lei da Mafia na América e da desumana indiferença do
governo quanto à ameaça crescente à nossa segurança e à nossa liberdade. Todos
os factos apresentados no filme que ides ver são uma reprodução de factos
reais, e a finalidade desta obra é perguntar ao governo: que pensais fazer
para deitar mãos a este problema?
O filme começa com uma recepção organizada pela personagem que é
a encarnação de Big Jim Colosimo, o primeiro chefe de Capone. É visível a
silhueta do homem que vai abater Big Jim Colosimo. É Tony Camonte (ou seja, Al
Capone). E quando um detective pergunta a Camonte/Capone onde arranjou tão feia
cicatriz, ele responde que foi ferido na I Guerra Mundial.
O contrabando do álcool, a partir da entronização de Capone,
começa a ser organizado em bases racionais, quer dizer, profissionais, e os
membros dos gangs concorrentes
começam a ser implacavelmente assassinados até que Camonte/Capone esteja seguro
do controle total.
O filme mostraria também um Al Capone obsecado pela própria irmã
sob o pretexto de lhe resguardar a virgindade – o pior é que a jovem é danada
para a festa. E por aí fora… atentados à bomba, massacres continuados, tiros,
facadas, contrabando, álcool, armas, prostitutas, jogo. Até à reconstituição da
mortandade do dia de S. Valentim.
Uma cena houve, no entanto, inspirada na realidade mesma de
Capone, que Hawks decidiu cortar. Capone passeava-se a bordo de um iate, nos
mares da Florida, rodeado de famosas estrelas de cinema. Hawks cortou a cena
alegando que era demasiado explícita do modo como pessoas do tipo de Al Capone
podiam com toda a criminosa facilidade enriquecer num período crítico como era
aquele em que se vivia, a grande Depressão. Seria um mau exemplo.
A cada assassínio cometido aparecia no ecran um X semelhante à
cicatriz da cara de Capone.
Capone assassina friamente um homem que numa boite
dançava com a irmã.
Capone rouba a namorada a um dos seus mais próximos
colaboradores, o qual, por sua vez, tenta assassinar um dos meninos-bonitos de
Capone e o próprio Capone. Mas Capone escapa e decide vingar-se.
Capone descobre que aquele a quem roubou a namorada acaba de casar
em segredo com a sua própria e adorada irmã e desfaz-lhe o corpo a rajadas de
metralhadora. Vai refugiar-se em lugar seguro mas descobre que esse lugar
seguro está cercado pela polícia. Resiste à policia, mas durante essa
resistência a irmã suicida-se…
43 assassínios num só filme. Classificação: para maiores de 15
anos.
Ao longo do visionamento de Scarface, o público vai
ficando naturalmente cada vez mais indisposto com a sucessão dos acontecimentos
e com a situação que o seu país na realidade vive. É por isso que Scarface,
de Howard Hawks, para além de mero filme de divertimento, adquiriu uma aura de
testemunho histórico sobre a realidade da democracia americana dos anos 20.
Scarface fica
para a História, do cinema, digo, e não apenas do cinema. Fica para a História
como a descrição mais penetrante, mais inteligente e mais desassombrada que
alguma vez foi feita sobre a ascensão e queda de um mafioso. Para Howard Hawks
ficaria para sempre como o seu filme favorito entre todos os que realizara.
Outro factor do interesse realista de Scarface é a
interpretação do protagonista por Paul Muni no difícil jogo entre a depressão e
a histeria que eram próprias do Capone real. Uma esquisofrenia provocada também
pelas diversas fases da cocaína, e sendo essa uma das principais componentes do
encanto e do carisma da pessoa de Al Capone: brilhante, fascinante e cortês num
momento; abatido ou paranóico no momento seguinte.
É evidente que tanta violência e tanto realismo deixou a censura
americana de cabelos em pé. Howard Hawks foi intimado a juntar ao título Scarface
um subtítulo: a vergonha de uma nação. Era imperioso induzir a forma de
pensar do público acerca daquilo que iria ver no écran.
A cena final, e por uma questão de moral objectivamente invocada
pelos censores, também foi modificada: antes de se enforcar, Capone (que na
realidade não se enforcou coisíssima nenhuma) ouve (não sei como, não vi o filme) um discurso
sobre as malfeitorias e os prejuízos causados à nação pelos gangs de Chicago.
Outra cena introduzida a martelo por ordem da censura é quando
um grupo de cidadãos conscientes, incluindo um italo-americano, invade a
redacção de um jornal e censura o editor pela cobertura obsessiva que está a
fazer da guerra entre os gangs de Chicago, donde resulta que o editor desata a
falar directamente para a câmara aconselhando os espectadores a lutar contra o
gangsterismo. Foram aliás duas cenas modificadas ou acrescentadas
posteriormente, já não dirigidas por Howard Hawks e representadas por um duplo
de Paul Muni.
Quando o filme sai, em 1932, sai em duas versões: a versão, por
assim dizer, moral, a ser distribuída nas zonas rurais; e a versão original a
sair só nas grandes cidades.
Foi um sucesso de bilheteira. E não foi maior esse sucesso pelo
custo das cenas adicionais de que falei atrás.
E foi sina de Brian de Palma fazer remakes de êxitos violentos
do passado sob a temática da Mafia. Aconteceu com Os Incorruptíveis e
aconteceu com Scarface.
No Scarface de Brian
de Palma, a acção é modernizada e não segue pari passu o argumento
original, não obstante as semelhanças da intriga. É uma esplendorosa
interpretação de Al Pacino, e é um argumento de Oliver Stone, deslocando os
factos para os anos 80, quando o governo de Fidel de Castro faz sair de Cuba
barcaças carregadas de dissidentes e criminosos de delito comum indesejáveis na
ilha, a caminho da Florida. E está visto que o tema já não se centra no tráfico
de álcool mas exclusivamente no dos estupefacientes.
Uma das cenas mais tocantes é quando Al Pacino (Scarface
dos anos 80) pega num saco cheio de cocaína, enfia a cabeça lá dentro, inspira
profundamente, e agarra num lança-granadas que dispara sobre os gangsters que o vêm matar.
Passando do ecran à realidade dos anos 30, seja dito que apenas
sete meses passados sobre a estreia do primeiro Scarface, Capone começa
a ser julgado por fraude fiscal.
É dado como provado que
entre 1924 e 1929 Capone embolsara, pelo baixo, lucros de mais de um milhão de
dólares, a que equivaleriam 216.000 dólares de impostos. O veridicto sai a 17
de Outubro de 1931: 11 anos de prisão e 80.000 dólares de multa. Recambiado
para a Penitenciária de Atlanta.
Foi pelo lado burocrático e fiscal que o conseguiram apanhar e
inculpar, e não por alguma coisa que se parecesse com negócios ilícitos e assassínios
em série. E isto também quer dizer apanhado pela Justiça, segundo alguns, não
tanto pela importância dos crimes de vária ordem e mais pela ostentação de
riqueza que adorava exibir em lugares públicos, coisa escandalosa no momento em
que o país passava pela tal profunda crise da Depressão.
Aquele homem volumoso, extravagantemente vestido, que se
apresentava todos os dias no tribunal podia até ser confundido com algum
banqueiro de Wall Street em excesso de peso.
Na penitenciária, Al Capone é declarado sifilítico. Para além
disso, é portador de blenorragia crónica e tem o septo nasal perfurado devido
ao excesso de coca. Tem só 33 anos.
Em 1934 mandam-no para Alcatraz. Frequenta as consultas de neuro-psiquiatria
da prisão. A saúde mental dele deteriora-se de modo galopante. Chega a travar
com outro paciente uma batalha de excrementos.
Acaba,
como em tempos prometera, por voltar a Los Angeles, pelo menos aos arredores, à
Instituição Correccional de Terminal Island. Já em 1939. E instalado numa cela bem jeitosa.
E em Novembro desse
ano é posto em liberdade e vai ter com a mulher. Passa oito anos recluso, em
casa: paranóia. Continua convencido de que o querem assassinar.
Mas não foi preciso assassiná-lo. E ainda durou uns bons anos.
Morre de hemorragia cerebral a 27 de Janeiro de 1943.
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