Maquiavel - o que sabia das coisas - pensava que o grande, o único,
crime lesivo do Estado seria a introdução da anarquia. Introduzindo anarquia no
funcionamento das estruturas organizativas do Estado (justiça, segurança social,
educação, finanças, saúde – por exemplo) atentava-se eficazmente contra a
existência mesma do Estado.
Não será doravante o Estado a garantir o bom
andamento e o necessário equilíbrio da economia e dos interesses público e
privado. Tiraram-lhe os meios. Anarquizaram-lhe as funções. Confundiram-lhe as
obrigações. Desacreditaram-lhe as verdades.
O interesse público está flagrantemente a
desinteressar a economia e a finança. E por isso os mercados, no seu
funcionamento de espécie de roleta russa, serão os instrumentos únicos para
garantir equilíbrios e interesses, na condição de proibir a intervenção da
autoridade pública.
A intervenção da autoridade pública sobre os
mercados seria a indesejável ruptura de funcionamento efectivo do único instrumento
promotor de realizações económico-financeiras verdadeiramente compensadoras.
Os mercados até escusam de produzir
resultados socialmente bons. E porque na disputa entre o privado e o social os
mercados não podem ser justos e equitativos.
Entregues a si mesmos, os mercados produzem
de preferência não mais do que exclusão. Tem mesmo que ser assim. Porque, na
sua lógica falaciosa e imbatível, se uma multinacional procura a todo o preço
maximizar os seus lucros estará ao mesmo tempo a servir o interesse público.
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