MEU ESTÚPIDO!
O novo
elemento perturbador introduzido na ideia de nação e de Estado foi, no tempo
entre guerras o Estado-partido - ou vice-versa, dá no mesmo. Em todo o caso, os
regimes totalitários saíram de movimentos revolucionários. Ou seja, partidos
que se impuseram pela força e modelaram os respectivos estados, reclamando-se
ao mesmo tempo da missão transcendente de criar um homem novo.
O
Estado-partido monopoliza o poder e concentra nele todos os poderes, pronto a
expandir-se por todo o corpo social como manancial de vida, designadamente de
vida económica, por oposição aos mercados e decorrentes liberdades outorgadas
por esses mercados ao manejo dos capitais.
Com a vitória
das democracias parlamentares sobre os totalitarismos, coube aos mercados o
papel de minimizar o Estado enquanto entrave ao tal livre manejo dos capitais.
E como a
política acompanha muito a física, e como a natureza tem horror ao vácuo, estava
na hora de serem os mercados a modelar as vidas e de serem mesmo eles os
mananciais de vida.
Até ao limite
de os mercados se afirmarem na prática como um novo (e não muito disfarçado)
totalitarismo, enxertado à força na ideia de liberdade e democracia e
continuando a viver a coberto delas, liberdade e democracia. E por sinal, saído
também ele do processo revolucionário capitalista que emerge da crise-golpe dos
sub-primes.
E como
revolução sem tiros (até ver) que sem dúvida é, os mercados já criaram o homem
novo do milénio quando aboliram da vida e da moral todo o valor não mercantil –
estando ainda em vias de abolir da vida mental todo o pensamento que não seja o
único, o económico.
Um homem novo
a quem inibiram as capacidades de julgamento para lá das que lhe apresentem numa
bandeja o máximo lucro que possa resultar da sua acção.
Mas
o historiador Arnold Toynbee comentava que a revolução, é um recurso à violência, e por isso, tal como a guerra, é
dispendiosa, raras vezes atinge os objectivos em vista, e algumas vezes os seus
efeitos são a reposição e o agravamento do regime contra o qual se revoltaram.
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