quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

                      



                     A SOLUÇÃO NOVA

E o totalitarismo parece apresentar-se ao milénio como a solução nova. Como já foi – ou pretendeu ser - a solução nova, o antídoto, a resposta do então jovem séc. XX aos horrores da guerra, e em face dos horrores dessa primeira das grandes guerras que se acreditava ser a última das guerras na Europa.


A solução nova era o Estado total, ideal dos construtores de alternativas à degenerada sociedade liberal do parlamentarismo que era herança do séc. XIX. A solução nova seria levada avante, nem que fosse preciso suprimir até a liberdade interior.
A totalidade do Estado passaria a ser a solução nova de política nacional que associava o interesse colectivo aos interesses de Estado, e por conseguinte à casta que dominava o aparelho de Estado.
Nada nos proíbe de pensar que, por alguma razão, quiçá moral, o Estado se tenha vindo a mostrar renitente na sua condição de aliado natural do capital.


Ou então foi o capital que inventou maneira de se livrar do regulador que lhe começou a ladrar às canelas quando o envelhecimento das populações o obrigou a puxar ao social mais do que o combinado.


Para o capital, o Estado social fazia lembrar o Estado providência do pós-guerra. Tornava-se um aliado infiel e por isso indesejável. 
E assim o mercado, erigido em categoria civilizacional tutelar, reguladora, a-social, se apresenta como o totalitarismo do novo milénio, o fascismo sem duce, o nazismo sem führer, o estalinismo sem o pai dos povos.

A solução nova do capital, a última novidade, os mercados. Indiscutíveis. Incontestáveis. Ou, como se ouve dizer muito agora, a última Coca Cola do deserto.


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