E o
totalitarismo parece apresentar-se ao milénio como a solução nova. Como já foi
– ou pretendeu ser - a solução nova, o antídoto, a resposta do então jovem séc.
XX aos horrores da guerra, e em face dos horrores dessa primeira das grandes
guerras que se acreditava ser a última das guerras na Europa.
A
solução nova era o Estado total, ideal dos construtores de alternativas à
degenerada sociedade liberal do parlamentarismo que era herança do séc. XIX. A
solução nova seria levada avante, nem que fosse preciso suprimir até a
liberdade interior.
A
totalidade do Estado passaria a ser a solução nova de política nacional que
associava o interesse colectivo aos interesses de Estado, e por conseguinte à
casta que dominava o aparelho de Estado.
Nada
nos proíbe de pensar que, por alguma razão, quiçá moral, o Estado se tenha vindo
a mostrar renitente na sua condição de aliado natural do capital.
Ou então
foi o capital que inventou maneira de se livrar do regulador que lhe começou a
ladrar às canelas quando o envelhecimento das populações o obrigou a puxar ao
social mais do que o combinado.
Para
o capital, o Estado social fazia lembrar o Estado providência do pós-guerra. Tornava-se
um aliado infiel e por isso indesejável.
E
assim o mercado, erigido em categoria civilizacional tutelar, reguladora,
a-social, se apresenta como o totalitarismo do novo milénio, o fascismo sem duce,
o nazismo sem führer, o estalinismo sem o pai dos povos.
A
solução nova do capital, a última novidade, os mercados. Indiscutíveis. Incontestáveis.
Ou, como se ouve dizer muito agora, a última Coca Cola do deserto.
Sem comentários:
Enviar um comentário