sábado, 19 de agosto de 2017


                      A JIHAD PORTUGUESA

 
         Um violentíssimo atentado jihadista em Barcelona fez tantos mortos como a simples queda de uma árvore no Funchal.
 
 
         O terrorismo islâmico ainda não chegou a Portugal? Pois não. E esperemos que nunca chegue. Para desgraças é que já temos que chegue. Temos por cá os nossos jihadistas.
         No Portugal interior um tipo vai à noite ao café. Fica à conversa com os amigos. Olha para o relógio. São horas de ir para a cama, até amanhã, malta. No trajecto para casa passa por algumas zonas de mato e arvoredo e de caminho vai-se entretendo a pegar fogo ao mato que há na berma da estrada. Chega a casa e vai-se deitar com a mulher sossegado da vida.
 
 
         Pois parece que isto aconteceu mesmo lá para uma vila do interior. Assim, ou parecido, não deve ter acontecido só uma vez. É a jihad portuguesa em acção.
         A jihad portuguesa não se contenta com o processo em marcha de desertificação do nosso interior pela fuga desabalada dos naturais para o litoral à procura de melhor vida. A jihad portuguesa quer levar a desertificação até ao limite. Se desaparecem as pessoas, que desapareçam também as florestas, as casas, os animais, as culturas. A jihad portuguesa sonha com um país deserto e negro, miserável e carbonizado.
 
 
         Não falando já, à colação da nossa jihad, de um jihadismo nacional marcado pelo sectarismo dos chefes político-partidários, que ano após ano, em pleno flagelo dos incêndios florestais, declamam na televisão o que é preciso fazer para acabar com o flagelo, com a engraçada particularidade de nada fazerem do que dizem ano após ano ser preciso fazer. Ano após ano. E de há muitos, muitos anos para cá.
 
 
         Outra jihad é a dos dirigentes e comunicadores do futebol a incendiar as almas clubistas até ao desvario das claques legais e ilegais que disparam tochas ardentes a esmo em ajuntamentos de milhares de pessoas. Impunemente, claro está.
         O terrorismo islâmico ainda não chegou a Portugal? Pois não. Provavelmente esses terroristas saberão que temos cá, activo e militante, o fogo do nosso próprio jihadismo, o da estupidez, o da impunidade, o de alguma obscura e colectiva maleita mental. Chega.
 
 

 

3 comentários:

  1. 200% de acordo e nada mais a acrescentar.

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  2. Excelente. O sentimento é de acordo total. É um terrorismo à portuguesa e, como tal, completamente impune...Ao menos os outros sempre matam alguns terroristas.

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  3. Assino por baixo, meu velho amigo. Abraço!

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